Quais autores e compositores já usaram pseudônimos? Por quê?
Esse é um recurso comum entre artistas que precisam, por exemplo, se proteger de perseguições políticas graças ao conteúdo de suas obras.
Vários. Esse é um recurso comum entre artistas que precisam, por exemplo, se proteger de perseguições políticas graças ao conteúdo de suas obras. Outros querem testar um novo estilo literário ou temático.
E há ainda autores famosos que desejam que uma nova obra não seja comparada com seus trabalhos anteriores. Foi o caso de J.K. Rowling, a criadora de Harry Potter, ao lançar o livro adulto O Chamado do Cuco sob o pseudônimo Robert Galbraith. A “farsa”, porém, foi descoberta por um jornalista do periódico britânico The Daily Telegraph. O livro chegou às prateleiras brasileiras em novembro de 2013.
Até dom Pedro I teve um! Ele respondia a seus detratores na imprensa sob os nomes de Aristarco, Duente ou Inimigo dos Marotos. Confira outros casos curiosos.
Feitiço de transfiguração
AUTORA J.K. Rowling
PSEUDÔNIMO Robert Galbraith
A criadora de Harry Potter queria saber se o romance O Chamado do Cuco poderia ser um sucesso devido a seus méritos literários. Rowling diz que a inspiração do pseudônimo veio do senador dos EUA Robert Kennedy (1925-1968), um de seus ídolos, e do sobrenome que ela desejava ter quando era criança.
A vida como ela não é
AUTOR Nelson Rodrigues
PSEUDÔNIMO Suzana Flag
O cronista polêmico pernambucano quis provar que podia fazer algo menos pesado e voltado para outro público. O romance Meu Destino É Pecar, publicado em forma de folhetim em um jornal, sob o pseudônimo Suzana Flag, lhe rendeu até um pedido de casamento feito, via carta, por um presidiário!
Autoconcorrência
AUTOR Stephen King
PSEUDÔNIMO Richard Bachman
O autor de clássicos do terror, como O Iluminado, achou melhor mudar de nome quando criou dramas com zero teor sobrenatural. Seus editores também influenciaram na decisão: segundo eles, não era bom negócio encher o mercado com vários livros de um único autor no mesmo ano.
Cadê o sangue?
AUTORA Agatha Christie
PSEUDÔNIMO Mary Westmacott
Imagine só a “rainha do crime” publicar um livro sem nenhum suspense? Heresia! Foi por isso que Agatha criou outra assinatura. Assim, escreveu seis romances de época, introvertidos, sem assassinatos, focados em conflitos e emoções. A primeira dessas obras foi lançada em 1930 e a última em 1956.
Um para cada ocasião
AUTOR Machado de Assis
PSEUDÔNIMO Dr. Semana, Boas Noites e Bruxo do Cosme Velho
O gênio da literatura brasileira queria liberdade para poder criticar fazendeiros poderosos, defender o fim da escravidão e analisar os costumes da época. A lista de alternativas era imensa: desde a óbvia abreviação MA até nomes como Job, Platão, Manassés, Eleazar e Malvolino.
“Dom létime crai”
COMPOSITOR Fabio Jr.
PSEUDÔNIMO Mark Davis
Nos anos 70, era comum cantores nacionais usarem pseudônimosestrangeiros e interpretarem músicas em outras línguas. O galã entrou na onda e fez sucesso com a melosa faixa “Don’t Let Me Cry”, composta por Pete Dunaway e George Baby. Detalhe: ele não sabia falar inglês. Só decorava a música foneticamente.
Politicamente incorreto
ARTISTA Di Cavalcanti
PSEUDÔNIMO Urbano
O artista, um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922, retratava a sociedade brasileira em seus quadros. Mas ele também era cartunista e, nesse trabalho, seu alvo era outro: a política! Para se proteger, ele assinava essas ilustrações como Urbano.
Dupla personalidade
COMPOSITOR Chico Buarque
PSEUDÔNIMO Julinho da Adelaide
Cansado de ter suas canções barradas pela censura da ditadura militar nos anos 70, Chico assumiu esse outro nome e lançou músicas que fizeram muito sucesso, como “Jorge Maravilha” e “Acorda Amor”. Ele até deu uma entrevista para o jornal Última Hora como se fosse Julinho – e ainda falou mal de Chico!
Safadeza oculta
AUTORA Anne Rice
PSEUDÔNIMO Anne Rampling e A.N. Roquelaure
A escritora de Entrevista com o Vampiro usou Anne Rampling em romances comerciais e A.N. Roquelaure na trilogia erótica Os Desejos da Bela Adormecida, na qual ela conta a história da princesa com toques de sadomasoquismo. Anne bolou seus primeiros contos eróticos aos 20 anos.