Nosso olho não funciona exatamente como uma câmera, mas dá para dizer que a resolução máxima que ele alcança é próxima de 250 megapixels. A câmera digital cria arquivos de imagem compostos de milhões de pontos. Cada ponto é um pixel e, para a câmera registrá-lo no seu “negativo” – o CCD (dispositivo de carga acoplada) -, entra em ação o photosite, o componente fotossensível das câmeras digitais. Ou seja: uma câmera que usa 1 milhão de photosites registra 1 milhão de pixels, ou 1 megapixel.
No olho humano, o papel do photosite é desempenhado por cones e bastonetes, dois tipos de células fotossensíveis distribuídos ao longo da retina. Nos dois olhos temos cerca de 250 milhões dessas células e, portanto, podemos captar 250 milhões de pontos luminosos. Ou 250 megapixels. Mas, na prática, a coisa não é tão simples. “A visão em alta resolução forma-se apenas na fóvea, região que corresponde a um centésimo da área da retina”, diz o neurofisiologista Renato Sabbatini. Isso não significa que basta dividir o número de megapixels por cem, porque a distribuição dos cones e bastonetes na retina não é uniforme como os photosites no CCD. Para complicar ainda mais, no olho há a chamada interpolação: as imagens captadas por duas células são entrelaçadas. “Isso aumenta absurdamente a resolução da nossa visão”, diz Sabbatini.