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18% dos pacientes de Covid-19 desenvolvem problemas psicológicos em até 3 meses

Estudo de Oxford, que analisou mais de 62 mil casos, indica que infectados têm até o dobro de chances de desenvolver distúrbios ligados à saúde mental.

Por Guilherme Eler
12 nov 2020, 18h35

O tempo padrão de tratamento para casos de Covid-19 costuma ser de três semanas. Pacientes com sintomas graves, que chegam a precisar de ventilação mecânica, porém, podem passar mais de 30 dias internados.

Mas nem sempre a notícia do teste negativo e o retorno à vida normal significam o restabelecimento completo da saúde. De acordo com um novo estudo, feito por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, a Covid-19 pode deixar sequelas de origem psicológica em quase 1 em cada 5 pacientes.

O levantamento reuniu dados de 69,8 milhões de norte-americanos – sendo 62,354 deles pessoas que contraíram Covid-19 entre 20 de janeiro e 1 de abril, mas não precisaram ser internadas por causa da doença. Analisando esses pacientes num intervalo de 14 a até 90 dias depois do teste positivo, cientistas descobriram que 18% deles acabaram com algum distúrbio de origem psicológica.

Os quadros mais comuns, de acordo com a pesquisa, costumavam ser ansiedade – incluindo estresse pós- traumático –, insônia e demência. Os dados foram publicados na última segunda-feira (9), na revista científica Lancet Psychiatry.

Os cientistas compararam a ocorrência de problemas psicológicos em seis grupos diferentes de pacientes – os que estavam tratando uma gripe comum, doenças de pele, pedra na vesícula (ou nos rins), problemas respiratórios ou a fratura de um membro. Fazendo isso, o grupo descobriu que alguém com Covid-19 sem histórico de distúrbios psicológicos tem chances duas vezes maior de desenvolver, pela primeira vez, sintomas ligados à saúde mental – se comparado a alguém que se recupera de uma gripe comum, por exemplo.

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Quem tratava outro problema de saúde que não a Covid-19 tinha chance entre 2.5% e 3,4% de acabar com algum dano psicológico após o tratamento. Essa taxa, para quem testou positivo para o novo coronavírus, ficou em cerca de 5,8%. Não se sabe ao certo, ainda, se as chances aumentam ou diminuem com o tempo, já que o estudo analisou apenas o período entre 14 e 90 dias após a infecção.

Ter ou não um histórico psiquiátrico, segundo descobriram os pesquisadores, têm peso importante na resposta dos pacientes à doença. Quem já havia tratado transtornos como hiperatividade, depressão, transtorno bipolar ou esquizofrenia no passado, por exemplo, se mostrou 65% mais sujeito a apresentar diagnósticos ligados à saúde mental. O resultado dialoga com os dados de outro estudo, feito nos Estados Unidos, que descobriu que pacientes com transtornos psicológicos morrem mais para Covid-19 e têm mais chances de serem infectados.

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