O copyright pode ser italiano, mas a receita do disco de massa assada no forno a lenha, com cobertura a gosto, é muito mais antiga. “As misturas de farinha e água são alimentos básicos de vários povos desde os primórdios da civilização”, afirma Henrique Carneiro, professor de história da USP e autor do livro Comida e Sociedade, uma História da Alimentação (Ed. Elsevier). Alguns estudiosos acreditam que foram os egípcios, há mais de 5 mil anos, os primeiros a fazer massa com farinha e água. Outra ala defende serem os gregos os pais da matéria, mas babilônios, fenícios e hebreus já tinham o costume de assar massas em fornos rústicos.
Descobrir quando a coisa ficou redonda e recheada é um outro desafio histórico. Os hebreus consumiam o piscea, um tipo de pão parecido com o pitta, árabe. Pitta, piscea, pizza… Segundo alguns linguistas, pode ter sido um pulo, mesmo que de muitos séculos. Como os italianos se apropriaram da ideia? Provavelmente a emprestaram dos turcos otomanos, que, ainda na Idade Média, comiam uma massa coberta de carne e cebola (alguém reconheceu a esfiha?). Por causa das Cruzadas, o costume entrou na Itália via porto de Napóles – cidade que levou a fama de berço da pizza. O disco de massa com cobertura começou a ser vendido na rua por ambulantes e caiu no gosto do povão. O resto é história, como se diz por aí.