Cientistas criam band-aid inteligente controlado por smartphone
Curativo libera remédio aos poucos - e promete cicatrizar as ferias três vezes mais rápido
Quem é da época em que Merthiolate ardia deve ter o ritual fresco na memória. Depois de ralar alguma parte do corpo, era preciso higienizar bem a área com água e sabão, deixá-la completamente seca para aí, então, aplicar o curativo adesivo. Com sorte, dentro de alguns dias a casquinha já estava formada, e você podia se livrar da bandagem.
A fim de deixar esse processo restrito às lembranças dos mais saudosos, cientistas americanos desenvolveram uma técnica inovadora de curativo. O band-aid tecnológico é feito de fibras de algodão condutoras revestidas por um gel. Essa solução pode ser carregada com antibióticos, analgésicos e outras medicações, e ativada à distância quando for necessário.
Para “ligar” o curativo, é preciso apenas ativar um microcontrolador que fica junto da bandagem. Isso pode ser feito com a ajuda de um smartphone ou semelhante, que envia uma pequena tensão elétrica para as fibras. Uma vez energizadas, as fibras e o hidrogel se aquecem. Esse é o sinal para liberar na pele o medicamento.
De acordo com os pesquisadores, um único curativo pode conter diversos fármacos diferentes. É possível controlar cada fibra individualmente, além das quantidades e dosagens de cada remédio – o que pode ser uma mão na roda para acelerar a recuperação da ferida.
“Essa é uma grande vantagem em comparação a outras técnicas. O que conseguimos aqui foi uma técnica que age de baixo para cima”, explicou Ali Tamayol, um dos envolvidos no estudo, em comunicado. O grupo defende que o novo curativo pode servir para tratar doenças de pele crônicas, e impedir que feridas de bala infeccionem. “Soldados que estão no campo de batalha podem sofrer com um vasto número de lesões e infecções. Nosso dispositivo conseguirá lidar com muitos desses problemas”, completou.
Em um experimento, os pesquisadores testaram como a técnica recuperava feridas em peles de ratos. Comparado a um curativo tradicional, a nova versão recuperou o tecido comprometido três vezes mais rápido. Para o futuro, a ideia é encontrar uma forma de monitorar também outros índices, como glicose, pH e outros, diretamente da pele.
O estudo foi publicado no jornal Advanced Functional Materials.