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OMS confirma 169 casos de hepatite infantil de causa desconhecida

Casos foram registrados em 12 países; houve pelo menos uma morte, e 17 crianças tiveram de receber transplante de fígado; gravidade e origem incerta da doença preocupam especialistas.

Por Luisa Costa
25 abr 2022, 17h24

No último sábado (23), a Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou 169 casos de hepatite aguda em crianças pequenas – a maioria no Reino Unido. A gravidade das infecções e a origem desconhecida da doença chamou a atenção de especialistas que investigam o surto.

O aumento de casos foi primeiro percebido no Reino Unido, que concentra 114 deles, em 15 de abril. A hepatite aguda também atingiu 13 crianças na Espanha, 12 em Israel e 9 nos Estados Unidos. Outros casos foram registrados na Dinamarca, Irlanda, Holanda, Itália, Noruega, França, Romênia e Bélgica.

Até agora, a doença apareceu em crianças e adolescentes entre 1 mês e 16 anos de idade. Houve pelo menos uma morte, e dezessete crianças (aproximadamente 10% dos casos) tiveram de receber transplantes de fígado. São essas consequências graves que alertaram médicos ao redor do mundo.

A OMS afirma, inclusive, que não está claro se o aumento “inesperado e significativo” de casos se deve, na verdade, a um aumento na conscientização sobre casos que acontecem em taxa esperada mas não são detectados normalmente.

Segundo a organização, as crianças apresentaram enzimas hepáticas “acentuadamente elevadas” – substâncias que ajudam reações químicas a acontecerem no fígado e, em níveis anormais, podem indicar problemas no órgão.

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Até agora, viagens internacionais não foram identificadas como fatores para os casos, que estão sendo investigados em vários países com apoio da OMS e do Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês).

Origem desconhecida

A hepatite é uma inflamação do fígado, causada principalmente por vírus – mas também pode ser provocada pelo consumo exagerado de álcool, por certos medicamentos ou pela ingestão de toxinas. Os sintomas incluem icterícia (cor amarelada dos olhos e da pele), enjoos, vômitos, falta de apetite e dor abdominal.

Existem cinco tipos de hepatites virais, chamadas A, B, C, D e E, cada uma causada por um agente infeccioso específico. Nenhum desses vírus foi detectado nos casos recentes, o que torna a situação mais incomum.

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Hipóteses anteriores sugeriram infecções por toxinas contidas em comidas, bebidas ou brinquedos, mas a teoria principal é que um adenovírus está por trás da doença. “É uma hipótese possível”, afirma a OMS, mas que “não explica totalmente a gravidade do quadro clínico”.

Adenovírus são um grupo de agentes infecciosos que causam, principalmente, doenças respiratórias. Mais de 50 deles podem infectar humanos. Eles estavam presentes em 74 vítimas da hepatite aguda.

O mais frequente foi o adenovírus 41, que já esteve relacionado a casos de hepatite em crianças imunocomprometidas, mas não em crianças saudáveis como agora, segundo a OMS. Especialistas investigam se um adenovírus sofreu mutação e passou a causar uma doença mais grave ou se está atingindo as crianças em conjunto com outro vírus, como o Sars-CoV-2 – que também estava presente em pelo menos 20 casos.

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Alguns cientistas também sugerem que a redução da imunidade das crianças, devido ao isolamento social na pandemia, pode ser uma explicação – mas a teoria precisa ser mais investigada. Já hipóteses relacionadas a efeitos colaterais das vacinas contra a Covid-19 estão descartadas, já que a maioria das crianças afetadas não estava imunizada.

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