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Pandemia envelheceu o cérebro até de quem não teve Covid-19, indica estudo

Efeitos foram mais intensos entre pessoas mais velhas, homens e indivíduos em situação socioeconômica desfavorecida.

Por Luiza Lopes
Atualizado em 31 jul 2025, 18h20 - Publicado em 31 jul 2025, 18h00

Durante mais de dois anos, a humanidade viveu sob o impacto direto da pandemia de Covid-19: perda de entes queridos, isolamento social, colapso dos sistemas de saúde, rotinas interrompidas e insegurança econômica.

Mas agora, mesmo com o vírus sob controle em grande parte do mundo, começam a emergir os efeitos menos visíveis dessa experiência coletiva – inclusive no cérebro de quem sequer chegou a ser infectado.

Um novo estudo liderado por pesquisadores da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, revelou que viver a pandemia acelerou o envelhecimento cerebral em pessoas saudáveis, mesmo na ausência de infecção por Sars-CoV-2. 

O trabalho, publicado na revista científica Nature Communications, analisou exames de imagem do cérebro de quase mil adultos e concluiu que, em média, os cérebros daqueles que atravessaram o período pandêmico envelheceram 5,5 meses a mais do que os do grupo controle, composto por indivíduos cujos exames haviam sido feitos antes da pandemia.

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A base do estudo foi o UK Biobank, um banco de dados biomédicos do Reino Unido que reúne informações de saúde e exames de imagem de milhares de voluntários. 

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A equipe treinou um modelo de inteligência artificial com base em dados de mais de 15 mil adultos saudáveis, utilizando centenas de variáveis estruturais extraídas das imagens do cérebro. 

O objetivo era criar uma ferramenta capaz de estimar a “idade cerebral” de uma pessoa, isto é, a idade aparente do cérebro em comparação com a idade real do órgão. A diferença entre esses dois valores é chamada de “lacuna de idade cerebral” (brain age gap).

Com o modelo treinado, os pesquisadores o aplicaram a um grupo independente de 996 adultos saudáveis, todos com dois exames de ressonância magnética realizados com alguns anos de intervalo.

Parte deles fez os exames antes e depois da pandemia; a outra parte, apenas antes. Foi assim que a equipe conseguiu comparar a progressão do envelhecimento cerebral nas duas situações.

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O resultado foi claro: entre os que viveram o período pandêmico, a lacuna de idade cerebral aumentou significativamente, indicando um envelhecimento mais acelerado – mesmo na ausência de infecção por Sars-Cov-2. Os efeitos foram mais intensos entre pessoas mais velhas, homens e indivíduos em situação socioeconômica desfavorecida.

De acordo com os autores, o mecanismo exato por trás dessas mudanças ainda não está claro. Mas a hipótese mais plausível é que o conjunto de estressores associados à pandemia – isolamento social, ruptura de rotinas, sedentarismo, insegurança econômica – tenha afetado negativamente a estrutura cerebral. 

“A saúde do cérebro é moldada não apenas por doenças, mas também pelo ambiente em que vivemos”, destacou o autor principal da pesquisa, Ali-Reza Mohammadi-Nejad, à revista Scientific American.

Embora as imagens revelassem mudanças estruturais no cérebro, como reduções na espessura da substância cinzenta e na integridade da substância branca, essas alterações não se refletiram, necessariamente, em prejuízos cognitivos.

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Testes realizados com os participantes mostraram que apenas aqueles que haviam sido infectados pelo vírus apresentaram redução na velocidade de processamento e na flexibilidade mental.

“Isso sugere que a infecção pode introduzir efeitos biológicos adicionais, como inflamação ou problemas vasculares, que estão mais diretamente ligados a sintomas cognitivos”, explicou Mohammadi-Nejad ao jornal Los Angeles Times.

Ele também ressaltou que, mesmo entre os infectados, a maioria teve casos leves, o que torna os achados ainda mais relevantes. “Mostra que até infecções leves podem deixar traços sutis no cérebro, embora o efeito seja relativamente pequeno”, afirmou.

Ainda não se sabe se as alterações observadas são reversíveis. Como os dados analisaram apenas dois momentos no tempo, o estudo não foi capaz de avaliar a progressão de longo prazo dessas mudanças. Mesmo assim, os autores afirmam que há espaço para otimismo.

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O estudo também reforça a importância de fatores conhecidos por proteger a saúde cerebral, como atividade física regular, sono de qualidade, alimentação equilibrada, convívio social e estimulação cognitiva. 

“Políticas públicas que reduzam o isolamento social e garantam acesso contínuo ao bem-estar físico, cognitivo e emocional durante grandes disrupções podem ajudar a mitigar efeitos futuros sobre a saúde do cérebro”, concluiu Mohammadi-Nejad ao Times.

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