Perda de olfato e paladar por covid é reversível, diz estudo de longo prazo
88 italianos que tiveram os sentidos comprometidos no primeiro ano de pandemia estão, lentamente, recuperando a capacidade de sentir gostos e cheiros.
Um estudo da Universidade de Trieste, na Itália, acompanhou 88 pacientes que contraíram covid-19 em 2020 e desde então não recuperaram completamente o olfato e o paladar. Os pesquisadores descobriram que, embora seja persistente, o problema não é permanente – e que o paladar, em geral, volta antes do olfato. O estudo está publicado no periódico especializado JAMA Otolaryngology.
Usando um teste chamado SNOT-22 – feito originalmente para avaliar as consequências físicas e emocionais de problemas como rinite e sinusite–, os pesquisadores avaliaram que o comprometimento dos dois sentidos caiu de 64,8% na fase aguda da doença para 31,8%, 20,5% e depois 15,9% ao longo de três avaliações anuais consecutivas.
Esse teste já foi adaptado para mais de 70 idomas: calcula-se que 93% da população mundial fale alguma língua que tem um questionário SNOT. O “22” se refere ao número de perguntas, há que também há versões com 16, 20 e 25. E a sigla, que significa sino-nasal outcome tests (teste de resultado sino-nasal), é uma brincadeira: a palavra snot, em inglês é um termo engraçadinho para “catarro”.
Uma outra bateria de testes apelidada de Sniffin’ Sticks – “cheirando palitinhos”, em inglês – mostrou que a disfunção no olfato caiu de 40,9% para 27,3% e, depois, 13,6% ao longo de três anos de avaliação. Esse teste emprega objetos em forma de caneta que liberam cheiros de diferentes tipos e intensidades. Eles avaliam a capacidade de detectar e também diferenciar odores.
O teste equivalente para paladar, denominado Taste Strips, forneceu as porcentagens 26,1%, 13,6% e 11,4%.
Essa é uma descoberta animadora, já que a perda permanente de olfato e paladar tem um impacto gigantesco sobre a qualidade de vida e segurança de suas vítimas: não só impedem o prazer ao comer e beber como tornam impossíveis pequenas e grandes necessidades cotidianas – que vão de perceber as fraldas sujas de um bebê a notar um vazamento de gás de cozinha.