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Pesquisa associa dieta sem carne a maior risco de fratura óssea

Estudo com 55 mil britânicos ao longo de 20 anos indica que a baixa suplementação de cálcio pode estar relacionada às fraturas.

Por Carolina Fioratti
24 nov 2020, 10h08

As dietas veganas e vegetarianas são recorrentes alvos de debate. Alguns estudos chegaram a mostrar que pessoas que não comem carne podem ter ossos mais fracos, devido à menor ingestão de cálcio. Mas até então, não se sabia se o déficit de fato resultava em maiores chances de fratura óssea. Seriam os veganos e vegetarianos mais suscetíveis ao risco?

Um estudo publicado neste domingo (22) no periódico científico BMC Medicine indica que sim. A pesquisa tem como base o formulário sobre dieta EPIC-Oxford, que recebeu respostas de quase 55 mil britânicos adultos entre 1993 e 2001. Lá, os voluntários respondiam questões sobre estilo de vida, histórico médico e, claro, seu consumo alimentar – mais especificamente, se ingeriam carne, peixe, ou se eram vegetarianos ou veganos. Inicialmente, o EPIC-Oxford tinha como objetivo verificar se a dieta poderia influenciar no risco de câncer, mas hoje, os dados puderam ser aplicados para a análise dos riscos de fraturas ósseas.

Em 2010 e 2016, os pesquisadores voltaram a analisar o histórico médico destes voluntários. No primeiro acompanhamento, em 2010, os cientistas observaram que aqueles que se declaravam veganos quebraram o quadril cerca de duas vezes mais do que aqueles que comiam carne. Vegetarianos e comedores de peixe tiveram o risco de fratura aumentado em 25%. Os resultados no segundo acompanhamento, em 2016, foram semelhantes.

O estudo também detectou que veganos (mas não vegetarianos) possuem mais chances de fraturar outros ossos. A cada mil participantes, aqueles que se declaravam veganos sofreram 20 fraturas a mais do que os outros ao longo de 10 anos. A média de idade dos participantes no início do estudo, em 1993, era de 45 anos – o que indica que em 2010 e 2016 muitos já passavam dos 60.

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O problema parece estar associado à maior ingestão de cálcio e proteína pelas pessoas que comem carne. O cálcio é essencial para a manutenção dos ossos e as proteínas são componentes fundamentais na formação do tecido ósseo. Mas vale lembrar que o estudo utilizou dados de dietas da década passada, e hoje há leites vegetais, entre outros alimentos que podem suprir a necessidade de cálcio. 

Apenas a baixa ingestão de cálcio não é suficiente para explicar as fraturas. De acordo com os pesquisadores, o Índice de Massa Corporal (IMC), que calcula se a pessoa está no peso ideal para sua estatura, também pode influenciar na quebra de ossos. Pessoas veganas e vegetarianas podem ter menor IMC, e, ao enfrentar uma queda, acabam tendo maiores complicações por falta de amortecimento e maior impacto com o chão. 

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Heather Russell, nutricionista da Vegan Society no Reino Unido, ressaltou ao New Scientist que essas informações são necessárias para que as pessoas que optarem pela dieta vegana ou vegetariana possam se planejar e fazer escolhas saudáveis.

Vale lembrar que a dieta com carne não é isenta de problemas, principalmente quando os alimentos ultraprocessados estão em peso nas refeições diárias. Lauri Wright, porta-voz da Academia de Nutrição e Dietética dos EUA, disse à CNN que “embora os comedores de carne normalmente consumam maiores quantidades de proteína, cálcio e vitamina D, uma pessoa ainda pode ser deficiente se suas escolhas alimentares forem ruins”.

Ainda são necessários mais estudos sobre o tema. Na pesquisa em questão foram consideradas principalmente mulheres brancas e europeias, sendo difícil de aplicar o resultado em outros grupos. Além disso, não há dados sobre suplementação de cálcio ou quais foram as causas das fraturas. O consumo de nutrientes também foi relatado pelos próprios pacientes, podendo gerar imprecisão. 

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Independente da dieta escolhida, a ingestão de vitaminas e minerais deve ser priorizada. O ideal é nenhuma dieta seja aderida sem a consulta de um nutricionista. 

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