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Sarampo é tão contagioso quanto gripe – e a vacina é a única forma de prevenção

Falta de vacinação está provocando novos surtos da doença. Entenda por que é importante se proteger

Por Luiza Monteiro
27 mar 2019, 17h45

Uma pessoa infectada pelo vírus do sarampo entra numa sala onde estão dez indivíduos, nenhum deles vacinado contra a doença. Todo mundo conversa, se abraça, se cumprimenta com um aperto de mão… É provável que nove das pessoas que já estavam ali contraiam o vírus. E mesmo quem chegar até duas horas depois pode ser contaminado.

Ao contrário do que muitos pensam, a doença não é inofensiva. Os primeiros sintomas são febre acompanhada de tosse, irritação nos olhos, congestão nasal e mal-estar intenso. Depois, aparecem manchas vermelhas no rosto que, em até três dias, chegam aos pés. O quadro costuma evoluir para o estágio grave no caso de pessoas com baixa imunidade, como gestantes, bebês e aqueles que estão fazendo algum tratamento que derruba as defesas do corpo. Nessas situações, a infecção pode comprometer o Sistema Nervoso Central e até mesmo levar à morte.

E como se proteger? Tomando vacina. Essa é a única forma de se blindar contra o vírus do sarampo. Mas a queda nas taxas de imunização vem fazendo a doença ganhar força novamente em vários países. Nos Estados Unidos, por exemplo, o sarampo foi erradicado no ano 2000. Porém, desde 2014, a terra do Tio Sam vive surtos da enfermidade. Só neste ano, já foram registrados casos no Texas, na Califórnia, em Illinois, Washington e Nova York.

É nesse último estado, inclusive, onde está o episódio mais recente. Desde outubro de 2018, o condado de Rockland (a 57 km da cidade de Nova York) já apresentou 155 casos da doença, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). Nesta quarta-feira (27), o governo local declarou estado de emergência e proibiu que crianças e adolescentes não vacinados frequentem lugares públicos. Os pais de quem não cumprir a ordem estão sujeitos a pagar multa de 500 dólares ou ser condenado a até seis meses de prisão.

De acordo com o CDC, entre os infectados de Rockland, 82,6% não tomaram nenhuma dose da vacina. Bebês, crianças e adolescentes são os mais atingidos – 85,1% dos casos se concentram entre os menores de 18 anos.

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Esse cenário se deve, em grande parte ao movimento antivacina, que ganhou força entre os americanos nas últimas duas décadas. Um estudo publicado em 1999 no respeitado periódico The Lancet deu o pontapé inicial para as polêmicas envolvendo a vacina tríplice, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola: o trabalho alegava que o medicamento estaria por trás das dificuldades de interação social e comunicação entre crianças autistas.

Várias pesquisas foram feitas depois da publicação desse trabalho e nenhuma conseguiu chegar à mesma conclusão. Não à toa: em 2010, provou-se que os resultados foram fraudados pelo autor do estudo, o cirurgião britânico Andrew Wakefield. O artigo foi retirado do Lancet e o médico perdeu a licença para trabalhar.

Brasil

Por aqui, felizmente, o movimento dos anti-vaxxers não ganhou força. Mas, ao menos no caso do sarampo, isso não impede a doença de causar estragos. Em 2016, o Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) o certificado de eliminação da circulação do vírus do sarampo. Dois anos depois, no entanto, novos episódios voltaram a ser registrados – entre 2018 e 2019, 10.354 casos da doença foram confirmados em 11 estados. No último dia 19 de março, o Ministério da Saúde informou que o país vai perder o certificado de erradicação.

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A vacina

Segundo o Ministério da Saúde, as únicas pessoas que não devem se imunizar são aquelas com suspeita de sarampo, gestantes, bebês menores de 6 meses e imunodeprimidos.

Há duas versões disponíveis nas redes pública e privada: a tríplice e a tetra viral, que, além de sarampo, caxumba e rubéola, previne também a catapora. No SUS, são duas doses para pessoas com idades entre 1 e 29 anos. Mas o esquema vacinal varia: entre 1 e 5 anos, a primeira dose é da tríplice, aos 12 meses; a segunda é da tetra, aos 15 meses. Crianças acima de 5 anos e adultos de até 29 anos que não se imunizaram devem receber duas doses da tríplice. Já quem tem entre 30 e 49 anos precisa tomar apenas uma agulhada da tríplice.

No site da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), há mais informações sobre o esquema vacinal disponível na rede privada. Clique aqui para conferir.

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