Vacina contra HPV reduziu a incidência de câncer do colo do útero em 89%
Pesquisa feita na Escócia mostrou que a vacinação é a melhor forma de prevenir o câncer mais fatal para as mulheres.
Só em 2018, mais de 570 mil mulheres foram diagnosticadas com câncer de colo do útero. Esse tipo de câncer é o quarto de maior incidência entre as mulheres (perdendo apenas para os de mama, colorretal e o de pulmão). Mas é o primeiro em número de mortes. Neste Dia Mundial de Combate ao Câncer (8), no entanto, temos números expressivos que geram esperança: uma pesquisa escocesa constatou que a vacina contra o HPV reduziu a incidência dessa câncer em 89%.
Antes de tudo, é preciso entender que o vírus HPV não causa câncer. Não diretamente. Podemos dizer que a doença é uma sequela grave de uma eventual infecção pelo HPV. Câncer, de forma geral, é o crescimento desordenado de células anormais no organismo. Dividindo-se rapidamente, elas atacam tecidos e órgãos, e podem gerar tumores malignos, que se espalham para diferentes regiões do corpo e matam com relativa facilidade.
Mas os vírus (assim como outros microrganismos) podem contribuir para a ocorrência dessas células anormais — sendo quase responsáveis pela origem do problema. São os chamados oncovírus. Um dos exemplos mais comuns é justamente o HPV (papiloma humano), que causa lesões genitais precursoras de tumores malignos, como o câncer de colo do útero.
Agora, uma grande pesquisa, descrita no British Medical Journal, comprova: a vacinação contra o HPV pode reduzir drasticamente a incidência desse câncer. Analisando os dados de quase 140 mil escocesas, pesquisadores de várias universidades averiguaram que o número de mulheres com células pré-cancerígenas no colo do útero caiu 89%.
Os pesquisadores constataram a redução comparando as taxas de células pré-cancerígenas no colo do útero entre mulheres não vacinadas nascidas em 1988 e mulheres vacinadas nascidas em 1995 e 1996. As vacinadas apresentavam uma redução drástica nessas taxas.
O estudo também mostrou que mesmo as mulheres não vacinadas estavam colhendo benefícios. Este é um efeito conhecido como “imunidade de rebanho”, onde pessoas não vacinadas são efetivamente protegidas de uma doença contagiosa quando uma boa parte da população é vacinada. Por encontrar muitas pessoas imunizadas, o vírus não consegue se espalhar, e acabam infectando menos gente.
Hoje, estima-se que 450 milhões de mulheres sejam portadoras de algum tipo de vírus HPV. Existem mais de 100 variações diferentes de vírus dentro desse mesmo grupo, e eles são extremamente comuns. A maioria causa problemas mais simples, como verrugas. No entanto, pelo menos 14 tipos de HPV são conhecidos por originar lesões precursoras do câncer – o HPV 16 e o HPV 18 causam 70% dos casos da doença pelo mundo, e são eles os alvos da vacina bivalente disponível no mercado.
Esta, felizmente, é apenas uma das muitas histórias de sucesso da vacinação contra o HPV em todo o mundo. A Austrália está a caminho de se tornar o primeiro país do mundo a erradicar o câncer de colo do útero graças ao seu programa de vacinação. E existem previsões ainda mais otimistas: modelos de computador sugerem que esse câncer será totalmente erradicado em 149 países até o ano de 2100, se as taxas atuais de progresso continuarem. Tudo graças as vacinas.