Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90

Às vésperas dos Jogos Paraolímpicos, Japão encara pico inédito de casos

53% da população não confia nas vacinas – que só começaram a chegar em fevereiro –, primeiro-ministro nega que as Olimpíadas tenham relação com a alta.

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 jan 2023, 21h09 - Publicado em 13 ago 2021, 15h17

Os Jogos Paraolímpicos – disputados por atletas com deficiência física ou intelectual – começam no dia 24 de agosto em meio a uma alta inédita de casos de covid-19 no Japão. Na última quinta (18), o país registrou 18 mil infectados pelo coronavírus, contra os aproximadamente 15 mil do dia anterior. Desses 18 mil, 5 mil estão em Tóquio: foi o segundo maior número contabilizado na cidade desde o início da pandemia, em março de 2020.

há mais de 200 pacientes graves ocupando leitos de UTI na capital, e o governo teme que o sistema hospitalar não possua vagas suficientes para dar conta da demanda nas próximas semanas (no começo deste mês, a ocupação já estava em 70%).

De acordo com o Washington Post, oito pessoas com idades entre 30 e 50 anos já morreram de covid-19 em casa após seguirem a orientação de permanecerem isoladas em vez de buscar atendimento médico. Os hospitais foram instruídos a aceitar apenas os pacientes mais graves para evitar sobrecarga. “Eles chamam de tratamento em casa, mas é abandono em casa”, afirmou à TV pública NHK o líder do principal partido de oposição, Yukio Edano.

O primeiro-ministro Yoshihide Suga nega que a circulação do vírus entre os 15 mil atletas de 206 nações na bolha das instalações olímpicas tenha qualquer relação com o espalhamento da variante delta do lado de fora. Por outro lado, Shigeru Omi, um dos líderes nos esforços de combate à pandemia dentro da cúpula do governo, afirma que o evento esportivo gerou uma sensação de relaxamento perigosa – que fez a população se comportar de maneira inadequada, ainda que praticamente não houvesse público nas arquibancadas. 

De acordo com a estimativa do COI – que ofereceu vacinas a todos os atletas gratuitamente, mas não obrigou a imunização –, 80% dos competidores e suas delegações competiram vacinados nos Jogos Olímpicos tradicionais. A previsão é que os Jogos Paraolímpicos ocorram com as arenas e estádios quase sempre vazios.

Continua após a publicidade

O Japão é um caso à parte na pandemia. Por um lado, tem conseguido um sucesso relativo na contenção do vírus: o país tem 60% da população do Brasil, mas apenas 2,6% do total de mortes: 15,3 mil até esta sexta (13), contra nossas 567 mil vítimas. Esses números são fruto de um isolamento social totalmente voluntário. Por lá, não houve lockdown: ficou em casa quem quis, e o comércio não foi obrigado a baixar as portas.

Os dados japoneses até parecem bons em comparação com a realidade brasileira – afinal, nosso fracasso no combate à pandemia é monumental –, mas não são satisfatórios em relação ao desempenho exemplar dos seus vizinhos no mapa. O país tem 116 mortes por covid-19 para cada milhão de habitantes. A Coreia do Sul tem 39; a Nova Zelândia, 5. (Leia mais na nossa reportagem especial sobre os Jogos Olímpicos, disponível aqui.)

A vacinação começou lenta e só agora pegou ritmo. Só 36% da população está completamente imunizada. 75% dos maiores de 65 anos já receberam suas injeções, e por isso os casos mais graves se concentram entre pacientes de 40 e 50 anos.

Continua após a publicidade

O produto da Pfizer, primeira marca aprovada pelo governo japonês, só recebeu aval em fevereiro, quando a aplicação de imunizantes já tinha começado até no Brasil. E pouca gente deu bola para o atraso: 53% da população, de acordo com um relatório do Imperial College de Londres, não confia em vacinas. Não só em vacinas contra covid-19, veja bem: em nenhuma vacina. Em 2013, por exemplo, o governo japonês deixou de recomendar a vacina para o HPV. O índice de vacinação contra a doença caiu de 70% para 1%.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.