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Brasil está construindo rede de trilhas de 18 mil quilômetros

Ideia do projeto é interligar diferentes unidades de conservação e ecossistemas nacionais nos próximos 20 anos

Por Guilherme Eler
Atualizado em 12 mar 2024, 10h29 - Publicado em 19 out 2018, 19h24

A expressão “do Oiapoque ao Chuí” é a forma mais comum de se definir algo que corta o Brasil de uma ponta a outra. Apesar de a cidade de Oiapoque não ser o ponto mais ao norte do país – Caburaí, em Roraima, é que defende este título –, a distância do roteiro impressiona. Um viajante que vai de Chuí, no Rio Grande do Sul, até atingir o topo do Amapá, precisaria percorrer incríveis 4.180 quilômetros, andando em linha reta.

A boa notícia para entusiastas da vida ao ar livre (e de distâncias enormes), é que, agora, o trajeto poderá ser feito a pé – e entre belas paisagens. É o que sugere uma parceria entre os Ministérios do Turismo e do Meio Ambiente, que quer implementar trilhas de longa extensão por todos os cantos do Brasil.

A ideia do projeto Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade (Rede Trilhas) é interligar diferentes unidades de conservação e ecossistemas brasileiros, para até 2038, criar 18 mil quilômetros de rotas naturais de caminhada. A portaria que determina sua criação foi assinada nesta sexta-feira, 19 de outubro.

A iniciativa prevê a criação de quatro grandes corredores naturais:

  • Litorâneo, que se estenderá (literalmente) da amapaense Oiapoque até Chuí, no Rio Grande do Sul. Engloba, no total, 8 mil quilômetros, passando por mais de 100 unidades de conservação ambiental ao longo da costa nacional
  • Missão Cruls, entre a Cidade de Goiás e a Chapada dos Veadeiros. Com 600 quilômetros, seguirá o caminho percorrido por Luiz Cruls, cientista que delimitou a área onde seria construída Brasília
  • Caminhos do Peabiru, que atravessará o Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, percorrendo o litoral do estado. São mais de mil quilômetros, e retrata o percurso que índios guarani faziam entre o Oceano Atlântico e os Andes
  • Estrada Real, que interliga os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A rota pode ser percorrida atualmente por carros e bicicletas, mas ganhará também um percurso para quem optar ir a pé. Acompanha o trajeto usado pela Coroa Portuguesa no período colonial, e tem mais de 1.700 quilômetros
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(Ministério do Turismo/Reprodução)

“A definição do percurso não será feita pelo ICMBio dentro de um escritório. Nós iremos fomentar, com foco nas nossas áreas, a implementação de caminhos que se encaixem nesse traçado maior”, disse Pedro Menezes, representante do ICMBio, (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), órgão ambiental do governo brasileiro, em comunicado. “Ele será definido de baixo para cima. Na medida em que as unidades manifestem seu interesse em implementar trilhas no seu perímetro. E o percurso pode mudar, ir melhorando”.

Estima-se que pelo menos 10% das trilhas previstas (cerca de 1.900 km) já estejam prontas. Segundo a EBC, entre as rotas já finalizadas estão o Caminho da Serra do Mar (RJ), a Transcarioca (RJ), a Transespinhaço (MG), a Rota Darwin (RJ-PE) e o Caminho das Araucárias (RS/SC), que integram o corredor Litorâneo. Cada uma delas é sinalizada com uma pegada amarela sob um fundo preto, que indica o sentido a ser percorrido.

De acordo com o ICMBio, quem não tiver pique para percorrer Oiapoque ao Chuí e preferir caminhadas mais breves pode ficar despreocupado: as trilhas serão planejadas para serem percorridas em etapas. Espera-se que a iniciativa seja um incentivo ao ecoturismo e à conservação da biodiversidade, e que as novas rotas atraiam 2 milhões de pessoas por ano.

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