O canal de TV que fez com que as bolas de tênis mudassem de cor
A ideia veio do famoso naturalista David Attenborough, que chefiava a BBC, para que as bolas (que eram brancas) aparecessem melhor nas TVs coloridas.
O tênis surgiu na França medieval. No século 12, monges e membros da realeza, como o rei Luís X, se divertiam rebatendo bolas de um lado para o outro da rede com a palma da mão ou usando luvas (as raquetes só apareceram no século 16).
A palavra “tênis”, aliás, vem de “tenez”, que em francês quer dizer algo como “segura aí!” e era dito toda vez que alguém ia sacar.
As bolas eram feitas de couro, recheadas com lã ou trapos de tecido. As versões com borracha (e revestidas com feltro) apareceram no final do século 19, e só foram possíveis graças à invenção do processo de vulcanização, que faz com que a borracha passe do estado plástico (mole e maleável) para o elástico (mais resistente a deformações).
As bolas eram brancas ou pretas, e assim permaneceram por décadas. Mas tudo mudou graças à chegada da TV em cores.
Nos anos 1960, quem chefiava a programação da rede de TV britânica BBC era David Attenborough, uma lenda dos documentários sobre a natureza (se você gosta de assistir a programas do tipo, seja na televisão aberta, seja no streaming, é bem provável que já tenha visto algo apresentado por ele). Naquela época, David e sua equipe estavam atrás de um evento em que pudessem usar a transmissão colorida em larga escala.
(Para além de pequenos testes, feitos desde os anos 1950 em todo o mundo, a tecnologia já estava em curso em países como França, Holanda e União Soviética – e os britânicos não queriam ficar para trás.)
Foi aí que pensaram em Wimbledon, um dos mais importantes torneios de tênis do mundo. “Era um enredo maravilhoso. Wimbledon tem drama, tem tudo. E, além disso, é um evento nacional”, confessou Attenborough anos mais tarde.
Em 1967, a BBC levou quatro câmeras de transmissão colorida e fez a cobertura da edição daquele ano do campeonato por um de seus canais, a BBC2. Foi um sucesso – mas havia um problema.
As quadras de Wimbledon têm piso de grama e linhas brancas. Pela TV, com a definição da época, ficava difícil de acompanhar o vaivém das bolinhas brancas – especialmente quando elas passavam pelas linhas.
David, então, sugeriu que o branco fosse trocado por algo mais vibrante, que se destacasse nas telas. Cinco anos depois, a Federação Internacional de Tênis aprovou a mudança, e o tom fluorescente das bolas virou o padrão-ouro.
A troca, afinal, beneficiava todo mundo. As emissoras garantiam mais público com uma transmissão melhor; e o esporte, consequentemente, ganhava mais adeptos.
O único torneio que não acatou a mudança de imediato foi, veja só, Wimbledon. A tradicional competição, criada em 1879, só se rendeu às bolinhas coloridas em 1986.
Mas, afinal: qual é a cor das bolas de tênis? Em 2018, uma reportagem do site The Atlantic mostrou que, em uma enquete no Twitter com 30 mil respostas, 52% disseram que as bolinhas são verdes. 42%, por outro lado, disseram que são amarelas. E 6% deu respostas diferentes dessas duas.
A federação internacional descreve a cor como “optic yellow”, “amarelo óptico”. Se você jogar esse termo no Google, também vai dar de cara com o “amarelo fluorescente”, que é bem parecido com a cor das bolinhas, mesmo.
Mas esse parece um daqueles debates sem fim, mesmo entre grandes tenistas. Roger Federer, por exemplo, disse que as bolas são amarelas. Já Rafael Nadal as enxerga como verdes. E para você?