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Tecnologias que removem CO2 do ar podem elevar preço dos alimentos, diz estudo

Sistemas de captura de carbono são uma esperança para frear o aquecimento global - mas também podem ter seu lado negativo.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 26 ago 2020, 16h17 - Publicado em 26 ago 2020, 16h11

O Acordo de Paris, estabelecido em 2015, levou os países a pensarem em como poderiam reduzir seus impactos sobre as mudanças climáticas. O objetivo geral é que, até 2100, o aumento da temperatura do planeta não ultrapasse os 2 ºC, sendo o valor máximo ideal igual a 1,5 ºC. 

Para que a meta seja cumprida, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) determina que os países devem zerar suas emissões líquidas de carbono até 2050, ou seja, emitir o composto na mesma proporção em que ele é absorvido pelo ambiente. Mas só isso não bastaria para evitar o aquecimento global: também seria necessário aplicar tecnologias que removem o CO2 do ar. Porém, um estudo publicado na revista científica Nature no início desta semana (24) sugere que algumas tecnologias de emissão negativa (NETs, sigla em inglês) podem ter impacto direto sobre a água, comida e energia disponíveis na Terra. 

Um dos métodos avaliados pelos pesquisadores da Universidade de Virgínia e da Universidade de Maryland, ambas americanas, foi o BECCS (sigla em inglês para bioenergia com captura e armazenamento de carbono). Funciona assim: grandes safras são plantadas para que os vegetais absorvam CO2 durante o processo de fotossíntese. Depois, essa biomassa produzida é queimada para gerar energia, sendo o carbono capturado no processo.

Só que para fazer isso, seriam necessárias grandes extensões de terra, o que ocuparia parte da área hoje destinada à agricultura. Existe a opção de retirar o carbono direto do ar através de máquinas específicas para essa tarefa, que ocupariam menos espaço. Porém, elas precisariam de muita energia para funcionar: o equivalente a 115% de todo o consumo global de gás natural. 

Os países pobres seriam os mais afetados. Algumas regiões da África Subsaariana poderiam ver o preço dos alimentos subir até 600% até 2050, enquanto Índia, Paquistão e outros países asiáticos teriam elevações entre 300% e 500%. Na Europa e na América do Sul, os preços dos alimentos poderiam subir de 200% a 300%. Milho, trigo e arroz seriam os mais inflacionados.

Os impactos a longo prazo poderiam ser reduzidos se os governos iniciassem a mudança imediatamente. Isso pode ser feito com a implementação de veículos que utilizam energia limpa, redução da queima de combustíveis fósseis no setor industrial e através do maior controle sobre o desmatamento. 

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