Loja de construção nos EUA equipa funcionários com exoesqueletos
Estoquistas que passam boa parte do dia carregando latas e caixas agora têm ajuda de uma armadura mecânica para erguer itens muito pesados
Se você é geek e mora em Christiansburg – município de 17,8 mil habitantes no estado norte-americano de Virgínia –, prepare seu coração (e arranje uma desculpa para comprar uma lata de tinta).
A rede de lojas de material de construção Lowe’s, a segunda maior do mundo no ramo, escolheu sua filial na pacata cidade dos EUA para fazer um teste que parece mais adequado à oficina de Tony Stark. Quatro funcionários do estoque – cuja rotina consiste em erguer sacos de cimento, caixas de azulejos e outros produtos com potencial para dar uma bela dor nas costas – receberam exoesqueletos para evitar problemas ortopédicos.
Sim, é isso que você ouviu: exoesqueletos. As armaduras, que não pesam mais que uma mochila e são macias e confortáveis, envolvem o corpo dos estoquistas e aumentam sua força, resistência e velocidade em tarefas desgastantes do dia a dia, como descarregar caminhões. Elas foram desenvolvidas pelo laboratório de inovação da Lowe’s em parceria com Alan Asbeck, engenheiro mecânico da Universidade Virginia Tech especializado em wearables – o termo, em inglês, define acessórios tecnológicos que podem ser vestidos como roupas.
“Nos últimos quatro ou cinco anos, dispositivos de assistência ao ser humano se tornaram uma área de interesse”, afirmou Asbeck à assessoria da universidade. “Nossa tecnologia é diferente porque inclui elementos macios e flexíveis, e nossa abordagem é única porque colocaremos nossos protótipos em uma situação real por um longo período de tempo.
Para avaliar os benefícios do esqueleto na prática e aperfeiçoar seus pontos fracos, os pesquisadores não fazer perguntas diretas aos participantes do teste. Esse tipo de questionário gera respostas pouco específicas, e o fato de que a tecnologia é uma novidade com jeito de ficção científica pode fazê-la parecer mais eficiente do que realmente é.
Em vez disso, cada um deles levará para o estoque, junto com os exoesqueletos, um medidor que registra a atividade cerebral durante o horário de trabalho – e que revela em quais atividades e movimentos o equipamento realmente ajudou (ou não). “Quando você pergunta o que alguém achou de um filme, as pessoas geralmente dizem que ele foi bom”, afirmou Kyle Nel, da Lowe’s, à CNN. “Mas há partes do filme que são melhores ou piores que outras, e é isso que nós vamos descobrir.”
O princípio de funcionamento é simples. Os feixes que compõem as costas da armadura são feito de fibra de carbono, um material leve e flexível. Quando o estoquista se abaixa para pegar um objeto pesado em uma das prateleiras inferiores, a estrutura se curva e acumula energia, da mesma forma que um arco e flecha quando é armado. Na hora de retornar à posição inicial, já com o peso nos braços, a fibra, por causa da tensão acumulada, “puxa” o funcionário de volta para a postura adequada – como a flecha ao ser lançada, só que em câmera lenta.
Como as pernas e os ombros ficam atados à estrutura, eles também são forçados a seguir um movimento pré-determinado, ideal do ponto de vista ortopédico. Dessa maneira, o peso é distribuído da maneira adequada por cada parte do corpo da pessoa, e nenhum membro recebe uma pressão desnecessária.
“Projetos como esse dão a engenheiros que passam o dia inteiro sentados no escritório uma oportunidade de ir além e ajudar outras pessoas”, afirmou Taylor Pesek, um dos alunos que integraram a equipe de Asbeck. “Minha formação é em robótica, que é uma área com tecnologia incrível, mas que não estará disponível em nosso cotidiano tão cedo. O bacana desse exoesqueleto é que ele já está ajudando as pessoas conforme é desenvolvido.”
Você pode ver a exoesqueleto em ação no vídeo abaixo, que está em inglês.