Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90

Metal com pequenas fissuras se regenera espontaneamente no vácuo

Na indústria, rachaduras como essas aumentam com o tempo e quebram máquinas. Caso o fenômeno se replique em condições normais de pressão e temperatura, ele é uma esperança contra esse problema.

Por Caio César Pereira
26 jul 2023, 19h22

Em uma das maiores franquias de ação de todos os tempos, O Exterminador do Futuro, James Cameron apresenta um sonho de engenheiros mundo afora: um metal que se regenera sozinho. Agora, pesquisadores americanos parecem ter finalmente observado um comportamento ligeiramente similar ao do ciborgue  T1000.

Cientistas do Laboratório Nacional de Sandia e da Universidade Texas A&M observaram algo até então inédito: fissuras microscópicas em pedaços de platina se remendando espontaneamente.

É importante destacar o quão microscópicas: estamos falando de rachaduras na ordem das dezenas de nanômetros, invisíveis a olho nu e pequenas demais até para uma bactéria passar. 

Para observar o mundo nessa escala, precisamos de microscópicos eletrônicos (nome de um tipo de aparelho que dispara elétrons contra a amostra e determina seu formato pela maneira como essas partículas subatômicas se refletem). É que as ondas de luz visível, com algo entre 400 e 700 nanômetros, são grandes demais para a tarefa. As rachaduras são invisíveis para elas.

A ideia original dos cientistas não era encontrar uma fênix metálica. Eles só queriam ver como a plantina resistia à fadiga. Por isso, submeteram o metal precioso a uma máquina que puxava suas extremidades 200 vezes por segundo (como alguém puxando as orelhas de outra pessoa para irritá-la). Logo, em resposta ao desgaste, surgiram microfissuras.

Continua após a publicidade

Em máquinas reais, usadas em fábricas, são fissuras minúsculas desse tipo, geradas por esforços repetitivos, que vão aumentando de tamanho e eventualmente fazem uma peça quebrar.

Após 40 minutos submetendo a platina à maratona de puxa-e-repuxa, os pesquisadores perceberam que algumas rachaduras começaram a se fechar em vez de aumentar. Algo que já havia sido prevista usando softwares em 2013, mas que nunca tinha sido verificada na prática.

O que levou ao metal se regenerar ainda é incerto, mas temos algumas ideias. Uma possibilidade é que tenha ocorrido algo análogo a um método conhecido como soldagem a frio. Normalmente, uma solda funde duas peças ao aquecê-las até alcançarem o estado líquido. Na soldagem a frio, a temperatura é substituída por pressão.

Continua após a publicidade

O experimento rolou no vácuo – e, na ausência da atmosfera, pressão e temperatura agem de maneiras diferentes sobre os materiais. Essa situação anômala talvez tenha permitido a solda nanoscópica inesperada. 

Essa é uma variável crucial para os interessados em aplicações práticas, já que o remendo espontâneo de metais precisaria ocorrer em condições normais de pressão e temperatura para facilitar sua aplicação hipotética à manutenção de máquinas na rotina da indústria. 

“O grau em que essas descobertas são generalizáveis deve se tornar objeto de muitas pesquisas”, disse em declaração à imprensa Brad Boyce, o porta-voz da equipe. “Nós mostramos isso acontecendo com metais nanocristalinos [um tipo específico de metal] no vácuo, mas não sabemos se é possível induzir esse processo em metais convencionais, no ar.”

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.