Relâmpago: Revista em casa a partir de 9,90

O planeta vovô da Via Láctea

Com 13 bilhões de anos, o planeta mais velho da nossa galáxia tem quase o triplo da idade da Terra. Sua descoberta muda a escala de tempo da história dos planetas

Por Da Redação Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 31 out 2016, 18h39 - Publicado em 31 ago 2004, 22h00

Muito tempo antes de a Terra ter-se formado, há cerca de 4,5 bilhões de anos, surgiu o planeta mais antigo já identificado na nossa galáxia. Ainda sem nome, esse planeta se encontra na Vila Láctea num aglomerado globular de estrelas conhecido como M4, na constelação de Escorpião, a 7 200 anos-luz. Estima-se que ele tenha surgido há 13 bilhões de anos – “apenas” 1 bilhão de anos depois do Big Bang, a violenta explosão que deu origem ao Universo.

A descoberta foi anunciada pela Nasa, a agência espacial americana, em julho de 2003. Mas as especulações sobre a existência desse planeta começaram em 1988, quando foi identificado no aglomerado M4 o pulsar catalogado como PSR B1620-26. Pulsar é uma estrela de pequena dimensão, com intenso campo magnético e que gira extremamente rápido em torno do seu eixo – no caso do PSR B1620-26, ele gira cerca de 100 vezes por segundo e emite pulsos de ondas eletromagnéticas.

Os astrônomos notaram irregularidades no pulsar que sugeriam a existência de um outro corpo celeste, além das duas estrelas verificadas. A dúvida era se esse terceiro corpo era um planeta ou outra estrela. Depois de analisar imagens fornecidas pelo telescópio Hubble, os cientistas da Nasa conseguiram estimar que o objeto tem 2,5 vezes a massa de Júpiter (o maior planeta do sistema solar) e concluir que se tratava, sim, de um planeta.

Em comparação com a Terra, que é um planeta de terceira geração, o planeta descoberto pertence à primeira geração. Isso significa que ele orbita uma das primeiras estrelas formadas após o Big Bang. O velho planeta possui uma improvável e acidentada vizinhança: está na órbita de um peculiar par de estrelas mortas no núcleo de um aglomerado com mais de 100 000 estrelas.

A descoberta fornece evidências de que os primeiros planetas surgiram “rapidamente”, ou seja, em menos de um bilhão de anos após o Big Bang. Portanto, podem ser muito mais abundantes do que até então se acreditava.

Continua após a publicidade

O planeta vovô não deve ter uma superfície sólida semelhante à da Terra, apenas gasosa. Por ter-se formado nos primórdios da vida do Universo, provavelmente não possui quantidade abundante de elementos como carbono e oxigênio. Por essas razões, é muito pouco provável que possa abrigar vida como conhecemos na Terra.

Os aglomerados globulares de estrelas, como o M4, são deficientes em elementos pesados. Por isso, alguns astrônomos acreditavam que eles não poderiam conter planetas. A descoberta do planeta mais antigo da Via Láctea obrigou os cientistas a reverem suas posições. Mais do que isso: encontrar um planeta com mais que o dobro da idade da Terra muda a escala de tempo com que estávamos acostumados a pensar a formação dos planetas e amplia as chances de existirem, na nossa galáxia e em todo o Universo, outros astros com características parecidas com as do nosso planeta.

Continua após a publicidade

Mundo pequeno

O conhecimentodo Universo se ampliou apartir do século 17

O mundo já foi bem menor do que é hoje – pelo menos na cabeça do homem. À medida que avançou seu conhecimento sobre o cosmos, as fronteiras do Universo foram se ampliando. Até o início do século 17, o mundo conhecido era formado por apenas oito “planetas”: Terra, Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno, além das estrelas. Achava-se que a Terra era o centro do Universo. Era a teoria geocentrista, do astrônomo grego Cláudio Ptolomeu.

Continua após a publicidade

Em 1633, o italiano Galileu Galilei foi condenado pela Inquisição por postular que a Terra girava ao redor do Sol. Só no final do século 17 foi aceita a teoria do astrônomo polonês Nicolau Copérnico de que a Terra e outros planetas giram em torno do Sol. A essa altura, o número de corpos celestes conhecidos havia mais que dobrado, para 17.

Já no século 19, o número de corpos conhecidos no sistema solar aumentou com a descoberta dos asteróides (até 1899, já eram conhecidos 464). No início do século 20, os astrônomos descobriram que o Sol é apenas uma dentre bilhões de estrelas da Via Láctea e que ele está longe do centro da galáxia. Em 1999, dados do telescópio Hubble permitiram estimar que o Universo é formado por, no mínimo, 125 bilhões de galáxias – um vasto mundo que permanece praticamente desconhecido para nós.

O impacto da descoberta

Continua após a publicidade

A existência de um planeta formado menos de 1 bilhão de anos depois do Big Bang leva à conclusão de que pode haver muito mais planetas na nossa galáxia – e no Universo – do que se imaginava

Publicidade


Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Super impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.