Além das mulheres, há fêmeas de outras espécies que possuem hímen?
Alpaca tem. Lhama tem. Égua, vaca, baleia também. Que rima bonita.
Segundo Marcelo Weskler, biólogo e professor do Museu Nacional da UFRJ, várias mamíferas nascem com uma membrana na vagina, que na maioria das vezes se rompe durante a primeira cópula. Alpaca tem. Lhama tem. Égua, vaca, baleia também. A mulher do chimpanzé, a fêmea do elefante, até a senhora esposa do peixe-boi, a peixe-vaca.
A função da membrana do ponto de vista da seleção natural ainda é um mistério. Se ela está lá, é porque, em algum ponto da história, fêmeas que possuíam um hímen foram mais bem sucedidas em fazer bebês que as fêmeas que não possuíam (mesmo, que, atualmente, o hímen não tenha função alguma). Caso contrário, o hímen teria desaparecido de todas as espécies mencionadas na lista acima. As hipóteses não confirmadas são abundantes.
Há biólogos que afirmam que o hímen, na pré-história, era uma prova de virgindade (ele ainda é em alguns países e culturas especialmente machistas. Na Indonésia, por exemplo, mulheres que querem se tornar policiais são forçadas a fazer um exame vaginal antes da contratação para garantir que são virgens. Pois é, não faz nenhum sentido).
A ideia é a seguinte: uma fêmea de mamífero sempre tem a garantia de que o filhote é dela, pois o filhote cresce dentro de sua barriga. Já o macho precisa de algum tipo de prova de paternidade para garantir que ele deve empregar recursos em criar a prole. Afinal, do ponto de vista evolutivo, vale a pena cuidar de um bebê se esse bebê carrega seus genes. O hímen serviria como garantia de virgindade e, por consequência, como garantia de paternidade.
Essa hipótese, obviamente, não dá conta de explicar a existência do hímen em outras espécies. Assim, também é possível que ele seja simplesmente uma barreira protetora a mais contra microorganismos potencialmente perigosos.
É bom lembrar, claro, que a seleção natural é um relojoeiro cego, que cria sistemas biológicos complexos, mas não necessariamente infalíveis. Pode acontecer do hímen de uma mulher se romper muito antes da primeira relação sexual. Outras mulheres têm um hímen chamado “complacente”, que não necessariamente se rompe na primeira vez, e que pode ou não gerar incômodo. Por fim, estima-se que só metade das mulheres sangre na primeira penetração.
Outros comportamentos pré-históricos que você, homem, não deve apresentar, são o ciúme excessivo, a possessividade e a classificação de mulheres em “para casar” e para qualquer outra coisa. Há uma possibilidade de que todos esses traços tenham um componente darwinista, que tem a ver com as garantias de paternidade explicadas acima. Mas você, agora, é um macaco que vive em uma sociedade civilizada. Tenha modos.
Pergunta de Cássio Goulart, Hortolândia, SP.