A mulher que desenhou o coronavírus
Conversamos com Alissa Eckert, a ilustradora médica que assina o desenho mais icônico do Sars-CoV-2.
Todos os sites costumam usar a mesma foto para representar o Sars-CoV-2 – uma esfera cinza com pequenos triângulos vermelhos grudados. Foi uma escolha estética: o vírus original não tem cor. A SUPER entrevistou Alissa Eckert, ilustradora do Centro de Controle e Doenças dos EUA (CDC), que é coautora da imagem – que você pode ver abaixo.
O que faz um ilustrador médico?
Ele é um profissional com conhecimentos em ciência, anatomia e arte. O curso, oferecido por apenas três universidades nos EUA, inclui ciências médicas, observação de cirurgias, ilustração, animação. Nós traduzimos informações biológicas e mecânicas complexas em representações visuais, que as pessoas conseguem entender – tudo isso mantendo a precisão científica.
Como foi o processo de criação?
Em parceria com outro ilustrador, Dan Higgins, comecei no dia 21 de janeiro e demorei uma semana para terminar. A gente já tinha um conhecimento geral sobre estruturas de vírus, então fomos atrás de um banco de dados de proteínas spike [os “espinhos” do corona]. Depois, aplicamos essas informações em um software de visualização 3D. Ele é como um estúdio de fotografia, onde a gente faz a iluminação e aplica as cores. Então demos uns retoques com outros aplicativos. Por último, o produto final precisa ser aprovado pelos cientistas do CDC.
Quais critérios usaram para chegar à imagem final?
A gente sabia que ela seria usada para chamar a atenção das pessoas, então precisava ser ousada e marcante. E também precisava de um tom mais sério, pois falaria com o público sobre um tema urgente. Com base nisso, escolhemos as cores e o nível de realismo para ajudar a dar vida ao modelo. Ela é muito atraente. Chama a atenção do público instantaneamente, o que a torna perfeita para as manchetes de notícias.