A nova mensagem que cientistas querem enviar ao espaço
BITG tem informações detalhadas sobre a vida na Terra e nossa localização. Conheça essa e outras tentativas de comunicação com inteligência extraterrestre.
Em algum canto do Universo, talvez exista uma civilização alienígena com a qual poderíamos estabelecer contato. Se existir, essa conversa pode parece improvável, mas a hipótese não é só enredo de ficção científica: alguns cientistas se dedicam à missão de dar um alô aos ETs, mesmo antes da detecção de qualquer inteligência em algum lugar do infinito.
O mais recente projeto nesse sentido é o Beacon in the Galaxy (BITG) – em tradução livre, “farol na galáxia” –, planejado pelo grupo de pesquisa Messaging Extraterrestrial Intelligence (METI), “mensagens para inteligência extraterrestre”.
A BITG é uma mensagem formulada por uma equipe internacional de cientistas, com informações diversas sobre a vida na Terra, escrita em código binário – sequências de 0 e 1 que constituem, por exemplo, a linguagem a partir da qual seu computador exibe e processa os textos e imagens desta página.
As sequências de 0 e 1 seriam a forma mais simples possível de matemática e, com sorte, entendidas universalmente – por isso os cientistas recorrem ao código binário para essa esperança de comunicação com o espaço. Na mensagem, os “zeros” e “uns” nas linhas do código correspondem a quadradinhos vazios ou cheios, brancos ou pretos, que formam imagens como as que você vê abaixo.
Elas retratam princípios básicos de matemática e física, átomos essenciais para a vida por aqui, a estrutura do DNA, figuras humanas e o Sistema Solar (com nossa localização indicada). Tem até convite para que os alienígenas nos respondam na mesma “língua”.
Em um cenário ideal, a BITG seria transmitida a um ponto específico da Via Láctea – potencialmente com maior chance de resposta – pelo FAST, radiotelescópio chinês com parabólica de 500 metros de diâmetro. (Mas não há planos imediatos para que o envio aconteça.)
Tentativas anteriores de comunicação
A BITG é considerada uma atualização da mensagem de Arecibo, de 1974. Essa foi a primeira tentativa de estabelecer algum contato com inteligência extraterrestre e informar nossa existência a quem pudesse interessar no Universo – ou, é claro, a quem pudesse receber e interpretar os códigos.
Esse Whatsapp espacial foi transmitido pelo radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, e continha bem menos informação do que a mensagem nova – que contém 204 mil bits, 21 vezes mais do que na tentativa de 1974. (Você pode ler sobre ela nesta matéria da Super.)
O que rolou com a mensagem de Arecibo? Bem, ficamos no vácuo, assim como em outras tentativas de comunicação. As sondas espaciais Pioneer 10 e Pioneer 11, por exemplo, lançadas também no início da década de 1970, viajaram para além do Sistema Solar carregando uma placa metálica cada uma.
Dessa vez, não eram mensagens em código binário para serem decifradas por alienígenas. Nas placas Pioneer, foram desenhadas duas figuras humanas – um homem e uma mulher, como na BITG – e outros símbolos que indicariam a origem das naves espaciais.
Depois, em 1977, as sondas Voyager, também operadas pela Nasa, partiram ao espaço carregando mensagens mais complexas: discos de ouro contendo sons e imagens que seriam amostras da vida na Terra.
O conteúdo dos discos, escolhido por um comitê liderado por Carl Sagan, incluiu saudações em 55 línguas, sons naturais da Terra (como o canto de pássaros e o barulho do mar) e músicas de diversos países – como obras de Bach, Beethoven, Stravinsky, Mozart e Chuck Berry.
Mais recentemente, em 2017, o METI disparou mensagens ao espaço em código binário durante três dias a partir de um radiotelescópio localizado em Tromsø, na Noruega. Esse episódio, no entanto, levantou preocupações – como costuma acontecer com tentativas de comunicação com extraterrestres.
Caso exista vida (e vida inteligente) para além do planeta Terra, o que aconteceria se as mensagens com nossa localização e tantas outras informações sobre a humanidade fossem recebidas e interpretadas? Alguns cientistas acreditam que as consequências incertas de um possível contato é um risco que não poderíamos correr. E se, como em diversas produções da ficção científica, os aliens forem hostis – e queiram dominar o mundo?
Os exemplos da nossa própria geopolítica, sempre com países em conflito por poder, pode ser o ponto de partida humano que dá essa perspectiva temerosa a respeito das intenções de eventuais vizinhos (ainda que distantes) no Universo.