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Abelhas brincam com bolas de madeira em experimento

É a primeira vez que um estudo mostra insetos interagindo com objetos só por diversão. Veja como foi.

Por Luisa Costa
31 out 2022, 17h52
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  • Você e seu cachorro não são os únicos que gostam de jogar bola. Até as abelhas podem brincar, segundo um estudo publicado na revista Animal Behaviour. Em um conjunto de experimentos, os insetos rolaram bolas de madeira para lá e para cá, até 117 vezes, sem ganhar nenhuma recompensa por isso.

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    Muitos animais parecem interagir com objetos só por diversão, mas os cientistas geralmente observam esse comportamento entre mamíferos e pássaros jovens. Esse é o primeiro estudo que verifica o fenômeno entre insetos. E com um detalhe interessante: a brincadeira era mais comum entre os indivíduos mais novos.

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    “Esta pesquisa fornece uma forte indicação de que as mentes dos insetos são muito mais sofisticadas do que podemos imaginar”, afirma Lars Chittka, professor da Queen Mary University of London (QMUL, Inglaterra) e autor do novo livro The Mind of a Bee (“A mente de uma abelha”, não lançado no Brasil).

    Lars é o chefe do laboratório em que os experimentos aconteceram. Além de pesquisadores da QMUL, também participaram do estudo cientistas das universidades de Sheffield (Inglaterra) e Oulu (Finlândia). Eles observaram 45 abelhas da espécie Bombus terrestris, que têm de 1,5 a 2,5 centímetros de comprimento.

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    Como foi o estudo

    Primeiro, os cientistas montaram um ambiente de três câmaras interligadas, entre as quais as abelhas podiam circular livremente. A primeira câmara não tinha nada de mais: era o lugar onde os cientistas deixavam as abelhas de início. Na segunda, havia bolas de madeira; na terceira, recipientes com sacarose e pólen.

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    Durante 18 dias, os pesquisadores observaram o comportamento de 45 abelhas, que passavam três horas diárias nesse ambiente triplo. A ideia era a seguinte: se os insetos interagissem com as bolas repetidamente, isso indicaria que aquela atividade era mais atraente do que a área de comida grátis. As abelhas estariam se divertindo.

    O resultado: a maioria das abelhas (37 de 45) interagiu com as bolas de madeira, como você pode ver no vídeo abaixo, depois de descobrir a câmara 3. Cada inseto empurrou os objetos de uma a 117 vezes, por até 31 segundos. E os mais novos (com 3 a 7 dias de vida) eram os mais dedicados à atividade.

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    Em seguida, os pesquisadores dividiram outras quarenta e tantas abelhas em dois grupos. Dessa vez, a câmara 2 era amarela ou azul – cores que, acredita-se, as abelhas conseguem distinguir sem problemas. Para o primeiro grupo, a equipe colocava as bolas de madeira em uma câmara amarela – mas, de vez em quando, trocava-a com uma câmara azul, vazia. Para o segundo grupo, foi ao contrário.

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    Então, construiu-se um ambiente diferente, em que as abelhas podiam se locomover por um túnel até uma câmara amarela ou azul. Nenhuma tinha bolas de madeira nem sacarose – mas os insetos não sabiam disso, graças a uma série de barreiras no caminho. 

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    O resultado: as abelhas que antes aprenderam que uma câmara amarela continha as bolas seguiram essa cor na maior parte das vezes. A mesma coisa aconteceu com aquelas que associavam o azul ao objeto. Isso sugere que elas procuraram as bolas porque elas representavam uma atividade recompensadora.

    A gente não quer só comida

    Segundo os pesquisadores, há uma série de motivos para acreditar que as bolas de madeira representaram, sim, uma forma de entretenimento para as abelhas – às vezes, mais atraente que recompensas como sacarose e pólen.

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    Eles afirmam no estudo que as interações com as bolas eram voluntárias, espontâneas e não tinham uma função aparente – porque não estavam relacionadas ao fornecimento de comida, por exemplo. Essas interações também não teriam acontecido sob condições estressantes que alterariam o comportamento dos insetos.

    “As abelhas podem realmente experimentar algum tipo de estado emocional positivo, mesmo que rudimentar [enquanto interagem com objetos como as bolas do experimento]”, afirma Samadi Galpayage, autora principal do estudo, em comunicado.

    “Estamos produzindo cada vez mais evidências que apoiam a necessidade de proteger os insetos, que estão muito longe das criaturas irracionais e insensíveis que tradicionalmente se acredita que sejam”, afirma Lars Chittka.

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