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Assim como os humanos, as vespas também podem reconhecer rostos

A pesquisa traz a primeira evidência de insetos capazes identificar uns aos outros olhando o rosto completo, ao invés de características isoladas.

Por Carolina Fioratti
Atualizado em 23 jan 2021, 11h39 - Publicado em 23 jan 2021, 11h39

Humanos conseguem facilmente identificar rostos conhecidos em fotografias. O mesmo vale para outros animais, como chimpanzés e macacos-rhesus. Até pouco tempo, os cientistas acreditavam que essa habilidade dependia de cérebros maiores e mais complexos, mas um estudo recente publicado na revista Proceedings of The Royal Society B contradiz essa ideia. Pesquisadores da Universidade de Michigan, nos EUA, mostraram que as vespas também reconhecem rostos inteiros com facilidade, trazendo a primeira evidência de insetos capazes de identificar uns aos outros.

Para verificar a hipótese, os pesquisadores tiraram fotos de duas vespas separadamente. Então, editaram as imagens para que ambas ficassem com corpos iguais e apenas os rostos diferentes. Eles atribuíram valores “positivos” ou “negativos” aos rostos, e então condicionaram as vespas a aprender qual era qual. Para isso, os cientistas colocavam os insetos individualmente em pequenas caixas forradas por imagens de um daqueles rostos. O chão da caixa contendo o “rosto ruim” liberaria pequenos choques, causando desconforto nos animais, enquanto a outra caixa, com o “rosto bom”, não provocaria incômodo.

Depois disso, as vespas eram colocadas em uma caixa um pouco maior, tendo o rosto “ruim” em uma extremidade e o “bom” na outra. A vespa era posicionada pelo pesquisador no centro da caixa, onde teria 5 segundos para observar o espaço até ser solta e escolher seu caminho. Como já era esperado pelos cientistas, os insetos voavam em direção ao rosto positivo. Os testes foram realizados com vespas da espécie Polistes aurifer

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Em uma segunda etapa, os pesquisadores apresentaram aos insetos imagens de fragmentos dos rostos, como apenas os olhos ou narizes das vespas. Isso dificultou a vida dos animais, que não sabiam mais qual caminho seguir. O mesmo acontece com primatas e mesmo com humanos, que possuem mais dificuldade em identificar outra pessoa apenas pela foto do nariz, olho ou boca. O nome desse tipo de reconhecimento é processamento holístico, que nada tem a ver com misticismo. Trata-se da facilidade do cérebro em identificar o rosto completo, em detrimento de partes isoladas.

Os pesquisadores também testaram vespas da espécie Polistes dominula, mas essas se saíram melhor identificando marcas faciais específicas, o que leva a crer que não utilizam o processamento holístico. De acordo com pesquisadores, a evolução da P. aurifer para identificar rostos completos pode ser uma vantagem adaptativa, já que estes insetos vivem em uma hierarquia complexa e precisam reconhecer muitos rostos rapidamente.

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