Astrônomos detectam despertar de buraco negro um milhão de vezes maior que o Sol
Buraco negro que brilha? Fenômeno que nunca tinha sido observado pode explicar galáxia super luminosa. Entenda.
Em 2019, astrônomos avistaram um clarão em uma galáxia na constelação de Virgem. Agora, depois de analisarem a luz misteriosa, os cientistas acreditam que o fenômeno se trata do despertar súbito de um buraco negro gigante, com uma massa um milhão de vezes maior que o Sol.
As variações no nível de luz da galáxia, que antes não chamava atenção de ninguém, foram o suficiente para interessar os astrônomos do observatório Zwicky, na Califórnia. Conhecido entre os mais próximos como SDSS1335+0728, este conjunto de estrelas está há 300 milhões anos-luz de distância da Terra.
Analisando as leituras de telescópios no espaço e na Terra, os cientistas descobriram que a galáxia dobrou em brilho no comprimento das ondas infravermelhas do espectro médio (o tipo de radiação emitida por planetas ou pó aquecido por luminosidade estelar). Além disso, a luz ficou quatro vezes mais forte nas ondas ultravioletas e dez vezes mais brilhantes em radiação X.
Buraco negro que brilha?
O crescimento na luminosidade dessa galáxia, que continua até hoje, quase cinco anos depois, está vindo do buraco negro em seu centro.
Ainda não é possível ter certeza do que causou esse aumento na luz da galáxia, mas os cientistas do Observatório do Sul Europeu, em Garching, na Alemanha, explicaram ao jornal britânico The Guardian que isso provavelmente é algo que já se imaginava teoricamente, mas que nunca tinha sido avistado.
O que provavelmente aconteceu foi a formação de um “núcleo galáctico ativo”, que ocorre quando um buraco negro grande no centro de uma galáxia começa a consumir ativamente toda a matéria em volta.
Mas como que tanta luz sai de um buraco negro? Não é lá que o campo gravitacional é tão intenso que nem a luz escapa? É verdade. O que o núcleo ativo faz é emitir um espectro amplo de luz por causa do aquecimento e brilho dos gases em volta do centro. As partículas de pó que estão ali em volta captam essas ondas e emitem essa luminosidade.
É possível, também, que o aumento na luminosidade venha de outro fenômeno natural: um tipo exótico de evento conhecido como perturbação de maré poderia ser o responsável. Isso aconteceria com uma estrela que fosse rasgada no meio por estar perto demais de um buraco negro. Normalmente, a luz produzida por um desses só duraria uma centena de dias, mas ainda não dá para ter certeza de qual dos dois cenários é o mais apropriado.