Boa educação à mesa é uma coisa que as corujas aprendem desde pequenas. O zoólogo suíço Alexandre Roulin, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, descobriu que, antes da chegada dos pais com a comida, as corujinhas negociam qual delas vai jantar primeiro.
O privilégio é das mais famintas; as irmãs menos aflitas esperam a vez, pacientemente. Essa gentileza resulta de uma demorada negociação prévia – feita no grito. ”As corujinhas conversam por meio de piados insistentes”, disse Roulin à SUPER. ”Como quem tem mais fome grita mais alto, as outras se calam e aceitam o veredicto”.
Depois de estudar dez anos o comportamento desses bichos, o pesquisador percebeu que as boas maneiras são sábias, pois reduzem os conflitos no ninho. É que, se não houvesse diálogo, as mais desesperadas poderiam acabar disputando o almoço a bicadas. O berreiro fornece um meio de descobrir quem está disposto a brigar – antes que o bafafá comece.
Roulin conta que desconfiou do mecanismo de negociação ao perceber que as corujinhas piavam a noite inteira, ao contrário das outras aves, que se calam depois de saciadas. “Comecei a pensar que aquilo devia ser uma forma de comunicação entre as irmãs. E era mesmo.”