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Cientistas descobrem estratégia usada por orcas para caçar tubarões baleia

Essas predadoras tem um truque específico para matar o maior peixe do oceano – um processo que envolve bastante paciência e trabalho em equipe.

Por Manuela Mourão
9 dez 2024, 10h00

O maior peixe do mundo é um gigante gentil. Os tubarões baleia (Rhincodon typus) são enormes: podem alcançar seus 18 metros de comprimento. Mesmo com todo esse tamanho, porém, não são agressivos e, tirando os plâncton dos quais se alimentam, não arrumam problemas com outros animais.

O contrário pode ser dito das orcas (Orcinus orca). Essas simpáticas nadadoras ganharam o apelido carinhoso de “baleias assassinas”, apesar de não serem exatamente baleias, mas sim um tipo de golfinho. A alcunha, porém, não está totalmente errada – de fato, elas são os maiores predadores do oceano e já foram feitos registros delas se alimentando de mais de 140 espécies de animais marinhos, incluindo os enormes tubarões baleia. 

O que era um mistério, até agora, era como as orcas conseguiam caçar esse peixe gigantesco. Um novo estudo publicado na revista Frontiers in Marine Science desvendou o enigma ao registrar a força-tarefa organizada pelas orcas para matar o peixão. O trabalho é feito em equipe.

O plano funciona mais ou menos assim: primeiro, as orcas buscam atordoar o tubarão, com nados sincronizados e lentos ao redor do animal, “freando” constantemente e subitamente em sua frente, até que ele fique desorientado com o “trânsito” marítimo. Quando isso acontece, as predadoras trabalham em equipe para virar o peixe de barriga para cima, deixando a barriga da presa desprotegida.

Com a barriga exposta, as orcas abocanhavam as barbatanas pélvicas e a cloaca, o que fazia o tubarão sangrar até a morte. O prato mais desejado por elas é o fígado, já que o órgão fornece grandes quantidades de gorduras com alta densidade calórica. 

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Imagem de sequência do ataque da baleia assassina ao tubarão-baleia em 26 de maio de 2024. (A) Evento de predação onde duas das baleias assassinas trouxeram o tubarão-baleia à superfície, (B) a baleia assassina atinge o lado ventral da cabeça do tubarão-baleia- em diante, (C) outra orca atinge o tubarão com a lateral da cabeça, (D) outra orca atinge o lado ventral do tubarão-baleia.
(Kelsey C Williamson/Reprodução)
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Moctezuma, uma orca macho avistada pela primeira vez em 1992, participou da maioria dos eventos de predação de tubarões baleia que os cientistas conseguiram registrar – que foram, ao todo, quatro momentos diferentes entre 2018 e 2024. Possivelmente, o predador estava aprendendo o comportamento com sua mãe, visto que as comunidades de orcas são matriarcais. Seu grupo é especialista em caçar peixes cartilaginosos, como arraias, jamantas e tubarões-touro na costa sul do estado de Baja Califórnia, no México.

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O Golfo da Califórnia é um ponto de encontro para tubarões baleia, especialmente os mais novos que se alimentam na Baía de La Paz entre o outono e a primavera. Esses jovens tubarões baleia, possivelmente inexperientes, são alvos um pouco mais frágeis para predadores.

Via de regra, apesar de serem inofensivos, os tubarões baleia não são presas fáceis. Os mais novos superam o tamanho de grandes predadores como tubarões-brancos, e os adultos, que podem chegar aos impressionantes 20 metros, têm pele extremamente espessa, tornando-os quase impenetráveis. Quando ameaçados, eles expõem o dorso rígido e podem mergulhar a mais de 1.800 metros. No entanto, as orcas observadas pelos cientistas aprenderam a impedir a fuga com vários golpes sucessivos, que forçam os peixes de volta à superfície para continuar o ataque.

Embora ninguém nunca tenha registrado orcas matando um tubarão baleia adulto, especialistas acreditam que seria possível, dado que orcas já abateram as gigantescas baleias-azuis, o maior animal que já passou pelo planeta.

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