Cientistas encontram água presa em esferas microscópicas na superfície da Lua
As esferas de vidro são formadas pelo impacto de meteoros no satélite. Entenda como isso acontece.
Cientistas de instituições chinesas, como a Universidade de Nanjing e a Academia Chinesa de Ciências, descobriram que esferas microscópicas de vidro formadas por impactos de meteoros na Lua e espalhadas pelo satélite podem conter água.
A equipe chegou à conclusão examinando amostras de solo lunar trazidas para a Terra pela missão robótica Chang’e-5, da agência espacial chinesa, em dezembro de 2020. A Chang’e-5 trouxe aproximadamente 1,7 kg de rochas e poeira lunar. É bastante: essa foi a primeira missão a carregar rochas da Lua desde 1976, quando a União Soviética trouxe 170 gramas.
Hejiu Hui e seus colegas selecionaram 150 grãos contidos na amostra, alguns com a largura de um fio de cabelo. Eles estudaram o material com microscópios e usando uma técnica chamada espectroscopia, que permite analisar a composição química das esferas pela emissão ou absorção de radiação eletromagnética.
A Lua é constantemente atingida por meteoros. Esses impactos fazem com que minúsculos pedaços de rocha se desintegrem do meteoro à medida que ele chega no satélite. Depois, eles resfriam gerando esferas microscópicas de vidro. (Para quem não lembra, o vidro é formado pelo aquecimento e resfriamento brusco de sílica, uma substância muito encontrada na areia).
Acredita-se que estas “gotas de vidro” existam por toda a superfície lunar, e pesquisas anteriores já mostraram que elas poderiam conter oxigênio.
O estudo chinês descobriu que as esférulas têm moléculas de água formadas pela ação do vento solar –(um fluxo de partículas, principalmente prótons e elétrons, que emana da estrela e permeia o Sistema Solar) na superfície da Lua.
“A água é produzida pela reação do hidrogênio [transportado pelo vento solar] com o oxigênio presente na superfície das contas de vidro lunares”, disse Sen Hu, um dos autores do estudo publicado na revista científica Nature Geoscience. As esferas microscópicas funcionariam como esponjas, armazenando a água.
A equipe estima que haveria 300 bilhões de toneladas de água armazenada em esférulas distribuídas pelo satélite – e defende que poderíamos simplesmente aquecer estes grãos para liberar o líquido. Seria uma maneira mais fácil de extrair o recurso na Lua, em vez de focar nos grandes depósitos de gelo que existiriam nos polos do satélite.