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Cometa Nishimura passará próximo à Terra nesta semana. Saiba como observá-lo

O objeto deu uma volta pelas redondezas no século 17. A próxima vez, só daqui a 440 anos.

Por Leo Caparroz
Atualizado em 15 set 2023, 16h17 - Publicado em 11 set 2023, 22h47

Nesta terça-feira (12), o cometa Nishimura estará a 125 milhões de quilômetros da Terra (em comparação, o Sol está a 149 milhões de km daqui). Será o ponto mais próximo de sua trajetória em relação ao nosso planeta – e uma ótima chance para observá-lo.

Descoberto no dia 11 de agosto deste ano, o cometa C/2023 P1 foi batizado em homenagem ao astrônomo amador Hideo Nishimura, o primeiro a identificá-lo. No decorrer da semana, o objeto vai dar uma passadinha perto do Sol, a 33 milhões de quilômetros de distância da estrela. Depois, fará o caminho de volta em sua órbita (que leva aproximadamente 440 anos).

Pois é: a última vez que o Nishimura passou por aqui foi em 1580, antes da invenção do telescópio. E próxima será por volta de 2400, quando você, este repórter e todos ao nosso redor já terão virado mais um com a Força. Para não perder a oportunidade de observá-lo, vamos a algumas dicas.

Se quiser maiores chances de vê-lo, opte por binóculos (ou um telescópio, no melhor dos casos) e áreas escuras, afastadas da iluminação das grandes cidades. Mas é possível, sim, enxergá-lo a olho nu.

A intensidade do brilho do Nishimura está prevista para atingir seu ponto máximo no dia 17, em que ele passará pelo seu periélio – seu ponto mais próximo do Sol. Ele pode ser observado logo após o pôr-do-sol, próximo do horizonte oeste, enquanto ainda o céu estiver escurecendo. Aplicativos de observação de estrelas, como o Sky Map e o Sky View, podem te ajudar a se situar no céu.

Contudo, a posição dele no céu não vai ser muito favorável, já que ele vai ficar praticamente na mesma direção do Sol. “A menos que o cometa apresente algum salto de brilho ou mostre uma brilhante cauda de poeira, o observador não deve se deixar levar apenas pelo valor calculado do brilho máximo”, afirma Rodolfo Langhi, professor assistente do Departamento de Física da Faculdade de Ciências da UNESP. “O cometa sempre vai estar mergulhado nas luzes do crepúsculo, o que dificultará sua visualização.”

Por causa das moléculas de carbono diatômico (ou dicarbono), a cauda do Nishimura vai aparecer em um tom esverdeado. Mas não vá esperando uma bola verde gigante cruzando o céu, o cometa vai estar mais para uma pequena faixa, de cerca de 2,5 centímetros da cabeça à cauda, na parte baixa no horizonte.

Cometas só ganham caudas quando estão próximos de estrelas (no caso do Sistema Solar, isso acontece a partir do momento que o objeto passa por Marte, geralmente). O calor derrete o gelo (que compõe grande parte do cometa) cria um rastro de gás e poeira ao redor da rocha.

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Conforme cometa se aproxima do Sol, reações químicas acontecem nesses gases, que passam a entrar em contato com luzes cada vez mais intensas. E isso acaba influenciando na cor que um cometa pode emitir.

Por décadas, a origem tom esverdeado do Nishimura (e de outros objetos similares) intrigou cientistas. Até que um estudo de 2021 iluminou (rs) essa questão. Pesquisadores usaram radiação ultravioleta em amostras de percloroetileno (C2Cl4) para o dicarbono do restante da molécula – que, por sua vez, foi bombardeado com luzes muito intensas (como aconteceria em um cometa).

As fortes luzes conferiram energia para a molécula, absorvida em forma de fótons. O dicarbono precisa de dois fótons para alcançar seu estado mais instável e energético. Depois, a molécula solta essa energia na forma de um fóton de luz verde; porém, ela também se desfaz no processo. Por causa disso, a cauda do cometa não tem cor. Até chegar na ponta, o dicarbono já foi quebrado e já parou de brilhar.

Fonte: Boletim Observe! (NEOA)

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