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Como uma mancha solar gigante desencadeou auroras por todo o planeta

Região da superfície do Sol conhecida como AR 3664 possui uma atividade intensa, gerando grandes tempestades solares.

Por Caio César Pereira
Atualizado em 13 Maio 2024, 23h38 - Publicado em 13 Maio 2024, 20h09

Após um eclipse solar histórico e chuvas de meteoros, outro evento astronômico iluminou os céus. Banhado em uma aquarela de tons de verde, vermelho, roxo e rosa, o céu foi tomado por auroras polares em diversas regiões do planeta. Esse espetáculo de luzes e cores aconteceu graças a uma mancha solar gigante na superfície do Sol, que, por sua vez, gerou uma grande tempestade solar.

Ficou confuso? Explicamos: tudo começa lá na superfície do Sol. Com pelo menos 5,5 mil graus Celsius de temperatura na sua superfície, e mais de 1 milhão ºC na região da coroa solar, a alguns km de altura, o Sol é um lugar bem esquentadinho, como você deve imaginar.

Essa cabeça quente do astro rei acontece por causa da fusão nuclear que ocorre no seu núcleo: o hidrogênio se funde e forma hélio, num processo que gera uma grande quantidade de calor. Essa energia toda faz com que o Sol tenha um clima bastante conturbado em sua superfície, com a ocorrência de diversas tempestades solares.

Tempestades solares nada mais são do que emissões de partículas e radiação eletromagnética do Sol, ocorrendo na forma de erupções solares. 

Essas erupções podem liberar grandes quantidades de energia na forma de radiação eletromagnética, mas também podem ocorrer o fenômeno conhecido como ejeções da massa coronal (ou CMEs). Aqui, o Sol joga para o espaço algumas porções de sua superfície no formato de plasma, bastante carregadas.

Essas tempestades solares acontecem de tempos em tempos, e nesse fim de semana, as tempestades foram tão fortes que atingiram o nível 5 na escala – o máximo do ranking. Esse fluxo de matéria solar pode chegar à Terra, e uma das consequência é gerar as chamadas auroras boreais.

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A última tempestade solar teve origem em uma região bastante ativa na superfície do Sol, chamada de AR 3664. Essa parte da estrea tem liberado grandes quantidades de CMEs, e é tão grande que forma uma  mancha solar que é possível ver aqui da Terra (com equipamentos corretos é claro – nunca olhe diretamente para o Sol).

E como exatamente essas ejeções de massa coronal formam as auroras? Quando chegam na Terra, as CMEs se chocam com o campo magnético do planeta, que protege nosso mundo da radiação solar. Esse protetor solar magnético natural do planeta é o que possibilitou a vida por aqui. Sem ele, a radiação direta do Sol poderia causar queimação na pele, danificar o crescimento das plantas e causar diversos problemas nos aparelhos elétricos por aqui.

Quando chega por aqui, o plasma solar – composto por partículas carregadas de elétrons e prótons – se choca com o campo magnético do planeta, que desvia essas partículas  pelas linhas do próprio campo magnético. Parte delas passa, porém, e chegam na nossa atmosfera – e acabam interagindo com outras partículas e átomos presentes ali, como o oxigênio e nitrogênio, por exemplo.

A interação resultante desse choque libera energia em forma de luz. Dependendo do gás presente na atmosfera e da altitude, a energia liberada produzirá luzes em cores diferentes. 

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A cor verde, por exemplo, é causada por auroras cujas partículas solares interagem com o oxigênio a 100 e 300 quilômetros de altitude. Já as luzes mais vermelhas acontecem quando essa interação ocorre em altitudes mais altas, a 300 e 400 quilômetros de altura.

E bom, apesar de comumente serem chamadas de auroras boreais, esse nome só se aplica se o evento ocorrer no hemisfério norte. É por isso que por lá, além da aurora boreal, o fenômeno também é conhecido como luzes do norte. Quando acontecem no hemisfério sul, o fenômeno recebe o nome de aurora austral.

A palavra boreal vem do grego Boreas, a divindade grega do vento do norte. Já o austral vem do latim austri ou australis, que significa sul. O fenômeno é popularmente conhecido como aurora boreal por que são muito mais frequentes em regiões próximas ao polo norte.

Em lugares como o Alasca, Rússia, Canadá, Finlândia e Noruega, por exemplo, é comum observar o evento. Em regiões mais ao sul é um pouco mais difícil, mas acontecem também em lugares como no extremo sul do Chile e da Argentina e na Austrália e Nova Zelândia. Como o Brasil é um país localizado em uma região mais intermediária (nem muito ao sul, nem muito ao norte), não é possível enxergar as luzes por aqui.

Geralmente, as auroras só são vistas nas regiões mais próximas dos polos do planeta. Mas, como as tempestades solares do último fim de semana foram tão fortes, o fenômeno pôde ser observado em regiões menos comuns, como o Reino Unido e até mesmo em partes do México.

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