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Corvos são capazes de diferenciar formas e talvez compreendam geometria básica

Até então, acreditava-se que a habilidade de reconhecer a “regularidade geométrica” fosse exclusiva dos humanos

Por Bela Lobato
Atualizado em 15 abr 2025, 16h53 - Publicado em 15 abr 2025, 16h00

Os corvos são a melhor exceção para quem usa a expressão “cérebro de passarinho” para chamar alguém de burro. Essas aves figuram entre as espécies mais inteligentes do planeta: eles têm uma memória excepcional, conseguem aprender uns com os outros, reconhecem rostos, guardam rancor, contam em voz alta, resolvem quebra-cabeças, e mais uma porção de feitos que fez um grupo de cientistas classificar a inteligência deles como compatível com a de uma criança humana de 5 a 7 anos de idade.

Um novo estudo adiciona mais um feito na lista: os corvos também conseguem reconhecer a “regularidade geométrica”. Na prática, isso quer dizer que eles conseguem diferenciar aspectos como comprimento dos lados, linhas paralelas, ângulos retos e simetria.

No estudo, publicado na revista Science Advances na última sexta-feira (11), os pesquisadores relatam que os corvos conseguem diferenciar formas como estrelas, crescentes e quadrados; da mesma forma que sabiam a diferença entre quadrados e outros quadriláteros irregulares (ou “tortos”).

Até então, pensava-se que essa habilidade era exclusiva dos seres humanos. Mas as descobertas sugerem que isso não é verdade – e apontam para a possibilidade de que outras espécies também sejam capazes de realizar proezas semelhantes.

Os experimentos para chegar a essa conclusão foram como aqueles jogos em que você tem que detectar qual imagem é diferente do conjunto. Para crianças, isso costuma ser uma brincadeira em que é preciso circular, por exemplo, o desenho de uma cadeira, que se destaca do conjunto de desenhos de sobremesas.

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No caso dos corvos (Corvus corone), foi bem parecido. Dois corvos machos foram apresentados a imagens de formas numa tela, e treinados para bicar a forma que se destacasse das outras. Sempre que os pássaros escolhiam corretamente, os pesquisadores os recompensavam com um lanche saboroso, uma larva de farinha ou uma semente (saboroso só para os corvos, porque seria difícil motivar uma criança com esses petiscos).

No início, as formas discrepantes eram óbvias – é fácil perceber uma flor em meio a cinco luas crescentes, por exemplo. Mas à medida que os pássaros se sentiam mais confortáveis com a tarefa, a equipe tornou o experimento cada vez mais desafiador. Foi aí que entraram os quadriláteros, e os corvos continuaram acertando qual era o diferentão.

E parece que eles curtiram o jogo: mesmo depois que parar de receber guloseimas, continuaram bicando as figuras corretas.

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Os pesquisadores ainda não têm certeza de qual a utilidade evolutiva da distinção de formas para os corvos. A hipótese é que isso seja parte do sistema de navegação e orientação durante o voo, ou que eles usem essa percepção detalhada para procurar alimentos e identificar outros corvos individuais com base em características morfológicas.

“Todos esses recursos, no final das contas, do ponto de vista biológico, evoluíram porque proporcionam uma vantagem de sobrevivência ou uma vantagem reprodutiva”, disse o autor sênior do estudo, Andreas Nieder, em entrevista à Scientific American.

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No cérebro humano, esse tipo de função complexa fica a cargo do córtex cerebral – mas os pássaros não têm essa parte, ou pelo menos, não têm como a nossa. Por isso, ainda é preciso investigar quais áreas do cérebro de corvos são responsáveis pelas habilidades geométricas. 

“Obviamente, a evolução encontrou duas maneiras diferentes de dar origem a animais comportamentalmente flexíveis”, disse Nieder à Scientific American.

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