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Cientistas descobrem idade de esqueleto de criança com características de humano e neandertal

Achados há 25 anos em Portugal, os ossos foram cruciais para entender como as duas espécies de hominídeos coexistiram – e se relacionaram.

Por Manuela Mourão
15 mar 2025, 14h00

Há mais de 25 anos, arqueólogos fizeram uma descoberta inusitada: acharam os restos mortais de uma criança no Vale do Lapedo, em Portugal. Mas o que poderia ser apenas mais um dia no mundo da arqueologia, na verdade, serviu para mudar o rumo do que sabemos sobre nossos antepassados e a evolução da nossa espécie. 

Os ossos encontrados mostravam uma mistura entre humanos e neandertais. Na época, a ideia de que as duas espécies de hominídeos conviveram e se reproduziram não passava de um sussurro. Foram necessários mais 10 anos para que o genoma neandertal fosse sequenciado e descobrissem que, sim, humanos modernos têm variáveis do DNA dos nossos primos extintos. 

Em 1998 (quando o primeiro estudo foi lançado), não foi possível definir a idade dos restos mortais. Um novo estudo publicado na Science Advances mudou isso. Os pesquisadores estimam que a criança foi enterrada entre 27.780 e 28.550 anos atrás. A descoberta aumenta a compreensão da relação entre Homo sapiens e o Homo neanderthalensis.

Análises do fóssil indicam que a criança tinha um esqueleto com características majoritariamente humanas, mas as proporções do corpo, maxilar e osso occipital tinham características semelhantes ao dos neandertais. Para a datação, foram usadas técnicas próprias para amostras arqueológicas contaminadas, ou seja, que entraram em contato com substâncias como microplásticos e proteínas animais.

Funciona assim: cientistas isolam um aminoácido específico do colágeno dos ossos, chamado hidroxiprolina. “A hidroxiprolina é rara em outras partes da natureza e age essencialmente como uma “impressão digital” do colágeno, então, ao datá-la, podemos ter certeza de que o carbono que estamos analisando vem diretamente do osso, e não de contaminação”, explica Bethan Linscott, pesquisadora da Unidade de Acelerador de Radiocarbono de Oxford, para o site Gizmodo.

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A mesma técnica foi usada em outros artefatos encontrados na cova, como ossos de coelho e de cervos-vermelhos. O resultado mostrou que os cervos eram bem mais velhos que a criança, o que sugere que a ossada deles já estavam no local quando o esqueleto humano foi enterrado – ou que foram usados ​​para posicionar o corpo na cova. Já os ossos de coelho eram da mesma época da criança e podem ter sido acrescentados como uma oferenda funerária.

Ilustração da sepultura.
(João Zilhão/Reprodução)
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De acordo com o estudo, os humanos pré-históricos passaram pelo menos 300 anos no Vale do Lapedo, pela facilidade para abater e processar carcaças de animais. Mas, após o enterro da criança, o local foi abandonado por mais de 2.000 anos. Ainda que não tenham certeza do motivo, os cientistas acreditam que essa morte pode ter influenciado a decisão do grupo.

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