Expedição vai procurar indícios históricos de anta extinta na Caatinga
O ICMBio afirma que há o mamífero não aparece no bioma há pelo menos 30 anos. Uma equipe de biólogos vai investigar por quê.
A anta é o maior mamífero terrestre da América do Sul, e aparece nas planícies da Venezuela à Argentina. Mas um punhado de problemas ameaçam a espécie. Entre os piores estão a caça ilegal, os atropelamentos em rodovias e a perda e fragmentação de habitat. As populações de antas estão diminuindo – e os pesquisadores pouco sabem a respeito desse fenômeno.
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) afirma que a anta (Tapirus terrestris) é uma espécie vulnerável à extinção. O mamífero ainda ocupa boa parte do norte brasileiro, mas está extinto no extremo nordeste – e a organização dá como incerta sua presença no restante do país.
Na caatinga, não existem antas há pelo menos 30 anos, segundo dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Como e porque rolou a extinção? Ninguém sabe. “Existe um déficit de informações sobre a ocorrência histórica da anta brasileira no bioma, bem como sobre os fatores que levaram ao seu desaparecimento”, afirma em comunicado Patrícia Medici, coordenadora da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira (INCAB), um projeto do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ).
Por isso, uma equipe de biólogos, veterinários e jornalistas da INCAB farão uma expedição em busca da anta perdida, cruzando o norte de Minas Gerais, Bahia e Piauí no mês de março. A missão é procurar indícios históricos da presença da espécie no bioma, visitando 16 unidades de conservação federais e estaduais, além de vilarejos baianos como Queixo D’Anta e Antas. (Você há de concordar: seria irônico se lugares do tipo não tivessem abrigado populações do mamífero lá atrás.)
Para entender onde as antas viviam e por que elas desapareceram, a chave é conversar com as comunidades locais. Essa é a ideia da expedição: fazer entrevistas com as pessoas que cuidam das unidades de conservação e com os moradores dos lugares visitados – principalmente anciãos, líderes comunitários e ex-caçadores de antas, que poderiam dar pistas sobre a história do animal nas regiões.
A caatinga ocupa 10% do território nacional, ocorrendo em oito dos nove estados do Nordeste e em Minas Gerais; entre o Cerrado no interior do país e a Mata Atlântica no litoral. Unidades de conservação representam 8,8% da área total do bioma – mas iniciativas como a expedição da INCAB podem compilar informações que fomentem o planejamento de mais ações conservacionistas, que potencialmente ajudam não só a Tapirus terrestris mas todo o ecossistema ao seu redor.
A expedição conta com doações para sua realização, e você pode participar da campanha acessando este link.