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Fósseis raríssimos revelam como tardígrados evoluíram para serem indestrutíveis

Só existem quatro fósseis de ursos d'água – e eles escondem segredos de como esses bichos sobreviveram a várias extinções em massa.

Por Bruno Carbinatto
Atualizado em 19 ago 2024, 13h34 - Publicado em 18 ago 2024, 10h00

Com oito patas, meio milímetro de comprimento e um corpinho rechonchudo, os tardígrados têm um formato engraçado. Mas não se engane: esses minúsculos primos dos artrópodes são os animais mais resistentes que existem.

Os tardígrados – ou ursos d’água, para os íntimos – intrigam cientistas porque conseguem sobreviver a secas prolongadas, temperaturas congelantes ou muito quentes, falta de oxigênio, pressões altíssimas e exposição à radiação. Agora, um novo estudo analisou os pouquíssimos fósseis desses bichos que existem para tentar entender quando – e como – essa indestrutibilidade evoluiu ao longo da história.

O principal mecanismo de defesa dos tardígrados é a criptobiose – um estado em que eles expelem a maior parte da água de seu corpo e diminuem seu metabolismo para quase zero, entrando numa espécie de “dormência” por longos períodos. Com isso, conseguem sobreviver a condições extremas, e “acordam” quando a situação está mais amena. Por causa disso, os ursos d’água são encontrados em praticamente todos os lugares da Terra, incluindo em florestas tropicais, na Antártica e no fundo do mar.

Mas quando esse comportamento surgiu na história evolutiva? É difícil dizer. Apesar de cientistas estudarem os tardígrados há décadas, seu passado é misterioso porque há pouquíssimos fósseis deles. Mais especificamente, só há quatro deles, todos preservados em âmbar, já encontrados.

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Uma equipe de pesquisadores da Universidade Harvard decidiu reanalisar dois desses fósseis, que haviam sido encontrados em um mesmo âmbar no Canadá na década de 1960. A amostra tem algo entre 72 e 83 milhões de anos, ou seja, esses bichos eram contemporâneos de dinossauros como o T. Rex.  Estudando o achado com uma técnica avançada de microscopia, os cientistas conseguiram reconstruir um modelo 3D dos bichos. O estudo foi publicado na revista Communications Biology.

Quando o fóssil foi encontrado, no século passado, só um dos tardígrados havia sido descrito por cientistas – o Beorn leggi. O outro era pequeno demais e não foi identificado na época.

Agora, com o modelo 3D, a equipe de Harvard conseguiu analisar as patinhas dos bichos com detalhes – elas são cruciais para encaixar os espécimes na grande árvore genealógica dos tardígrados, já que seus corpinhos são muito parecidos entre diferentes famílias e mudou pouco ao longo dos milhões dos anos. As garras, porém, costumam apresentar disposições diferentes.

A conclusão foi que o outro tardígrado não identificado pertencia a um gênero e uma espécie inédita, batizada pelos cientistas de Aerobius dactylus.

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Uma grande questão que esse estudo ajuda a responder é quando a criptobiose surgiu na história desses bichos. Com mais detalhes sobre as linhagens e a evolução delas, os cientistas concluíram que o mais provável é que essa estratégia de sobrevivência surgiu de forma independente duas vezes, nos dois principais grupos de tardígrados (um mais terrestre e outro mais marinho). Isso teria acontecido entre 430 milhões de anos atrás e 175 milhões de anos atrás; a datação é pouco certeira justamente por conta da falta de fósseis do bicho.

O curioso desse intervalo é que ele inclui diversos eventos de extinção em massa, que dizimaram grande parte da vida do planeta – mas os tardígrados sobreviveram, muito provavelmente porque já tinham a criptobiose. Isso inclui até mesmo a extinção do Permiano, o mais extremo destes eventos, que dizimou 95% das espécies marinhas e 75% das terrestres. Mas os tardígrados, é claro, sobreviveram. Como era de se esperar desses pesos-pesados microscópicos. 

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