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Frangos que tomam suco de bactéria podem ajudar a impedir infecção por Salmonella

Uma mistura líquida preparada com o microorganismo Enterococcus faecium tratou salmonelose em aves sem necessidade de usar antibiótico.

Por Eduardo Lima
21 jun 2025, 19h00

A salmonelose é uma infecção causada por bactérias da família Salmonella, que podem ser encontradas em água ou alimentos contaminados. Esses microrganismos se instalam em ovos mal cozidos, leite não pasteurizado e carnes de aves, como frango e pato.

Numa tentativa de diminuir as infecções pela Salmonella Heidelberg, uma variante mais invasiva e perigosa da Salmonella enterica geralmente encontrada nas aves, pesquisadores da Universidade Estadual Paulista, a Unesp, desenvolveram uma forma eficaz de controlar a salmonelose entre os frangos de corte – tudo sem precisar de antibióticos, o que previne a evolução de bactérias resistentes.

O estudo, desenvolvido em parceria com cientistas da Universidade de Calgary, no Canadá, foi publicado na revista Ciência Rural. A ideia dos pesquisadores foi dar um “suco” contendo a bactéria Enterococcus faecium para os frangos. Esse líquido produz compostos bioativos que diminuem a incidência de Salmonella nas aves.

Entre as aves que tomaram o suco de bactéria depois de infectadas com a Salmonella, a quantidade de bactérias foi 174 vezes menor do que no grupo controle, que não experimentou a mistura filtrada de E. faecium.

Como funcionou o experimento

Para realizar o estudo, os cientistas dividiram 32 frangos jovens em quatro grupos. Um deles recebia o suco bacteriano por via oral, uma vez por dia, por cinco dias antes do contato com a Salmonella. Outro grupo passou pelo mesmo processo, mas só depois da infecção. Os outros dois grupos ficaram sem o tratamento e serviram como controle para os experimentos.

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Quando a mistura de E. faecium foi usada como método de prevenção, 62,5% dos frangos apresentaram ausência total ou níveis baixos de Salmonella nos 21 dias de estudo. No caso das aves que não tomaram o suco, 37,5% apresentaram a mesma ausência ou baixa da bactéria que causa a salmonelose. Já que a diferença não foi tão significativa, eles perceberam que essa terapia não é um caminho ideal para prevenção.

Por outro lado, quando as bactérias ácido-láticas, como a E. faecium, eram usadas após a infecção, os resultados foram impressionantes. Havia 174 vezes menos Salmonella nos frangos do grupo do tratamento em comparação com o controle. A bactéria do suco é responsável por produzir peptídeos autoindutores, que incentivam a comunicação dos microrganismos na microbiota intestinal das aves, o que ajuda no controle de patógenos como a Salmonella Heidelberg.

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Os frangos já têm bactérias E. faecium em sua microbiota, então o suco não apresenta risco de novas infecções. A ideia da mistura é incentivar um processo de modulação bacteriana em que os microrganismos do intestino das aves trabalham juntos para inibir a Salmonella. É só um iniciador para um processo natural, tipo um Yakult aviário.

Essa estratégia de tratamento da Salmonella pode contribuir para a saúde dos frangos e dos humanos que consomem as aves. O uso excessivo de antibióticos pode levar bactérias a desenvolver resistência aos remédios, e por isso seria bom trocar essa solução tradicional pelo novo tratamento de salmonelose.

Mais estudos com o suco de bactérias são necessários antes de passar a usar a técnica em massa. É importante tentar descobrir, por exemplo, qual é a molécula exata que induz a microbiota dos frangos a se modular e combater a Salmonella.

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Se uma pessoa come um ovo ou frango infectado, ela pode sofrer com uma intoxicação alimentar que envolve diarreia forte, vômitos e muita dor de barriga. Beber muitos líquidos é essencial no tratamento. Em casos graves, é preciso combater a bactéria com antibióticos.

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