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Lentes de contato infravermelhas permitem enxergar no escuro e de olhos fechados

Tecnologia converte calor em frequências acessíveis por nossas retinas, e funciona melhor quando as pálpebras fechadas bloqueiam a luz visível.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 26 Maio 2025, 10h36 - Publicado em 25 Maio 2025, 18h00

É muito Black Mirror: lentes de contato que funcionam como óculos de visão noturna e permitem enxergar até de olhos fechados.

Em um novo estudo publicado no periódico Cell, um grupo de pesquisadores chineses escreve sobre a criação de lentes que permitem ver luz infravermelha, um tipo de radiação invisível para nossos olhos, mas que nossa pele sente na forma de calor. Esse é o mesmo comprimento de onda que sensores de visão noturna captam; bem como certos animais.

O olho humano dá conta de uma fatia muito estreita do espectro eletromagnético. Temos três tipos de células cones nas retinas, que captam respectivamente as frequências nos arredores das cores vermelha, verde e azul, e nos permitem ver qualquer onda com comprimentos entre 380 e 700 nanômetros. 

Alguns animais nos deixam no chinelo. Abelhas e diversos pássaros, por exemplo, veem o ultravioleta. Já algumas cobras e morcegos detectam o infravermelho, percebendo o calor de outros animais sem chegar tão perto assim deles essa é uma vantagem considerável na hora de caçar.

O novo dispositivo, desenvolvido na Universidade de Ciência e Tecnologia da China, converte a luz infravermelha (que fica mais ou menos entre 800 e 1.600 nanômetros) em luz visível. Isso graças a nanopartículas que funcionam como tradutores de frequência: elas capturam a radiação invisível e a transpõem em cores que nosso olho entende.

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A lente funciona até de olhos fechados: a luz infravermelha atravessa as pálpebras. “Descobrimos que, quando o sujeito fecha os olhos, consegue receber essa informação cintilante ainda melhor, porque a luz infravermelha próxima penetra na pálpebra com mais eficácia do que a luz visível, portanto, há menos interferência da luz visível.”, explica o neurocientista Tian Xue, líder da pesquisa, em comunicado à imprensa.

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Os pesquisadores foram além: criaram uma versão das lentes que, além de simplesmente mostrar o infravermelho, codifica diferentes faixas desse espectro em cores específicas. Por exemplo: a luz de 808 nanômetros aparece verde; a de 980, azul; e a de 1.532, vermelha.

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Segundo os pesquisadores, isso não significa que você começa a ver “novas cores”. As lentes não expandem biologicamente sua paleta visual. Elas fazem um truque óptico: convertem algo que seria invisível em sinais visíveis usando as cores que seu cérebro já conhece.

A ideia é que a lente possa ser aplicada em diferentes cenários. “Nossa pesquisa abre o potencial para dispositivos vestíveis não invasivos que ofereçam supervisão às pessoas”, disse Xue. “Existem muitas aplicações potenciais para este material. Por exemplo, a luz infravermelha cintilante pode ser usada para transmitir informações em situações que envolvem criptografia ou combate à falsificação.”

E tudo isso sem precisar de baterias, cabos ou o trambolho dos óculos de visão noturna. As lentes são finas, portáteis e só têm uma ressalva: como ficam coladas na retina, a luz convertida se espalha um pouco, o que deixa a visão meio embaçada. Testes com óculos feitos com a mesma tecnologia apresentaram resultados mais nítidos.

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Expandindo essa descoberta, a equipe afirma que o dispositivo poderia eventualmente ser adaptado para ajudar pessoas daltônicas a ver coisas que normalmente não conseguem. 

Por enquanto, a tecnologia ainda tem limitações. As lentes só funcionam com fontes de infravermelho muito intensas, como LEDs superpotentes.

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