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Maior cratera da Lua revela sinais radioativos e pode mudar missões da Nasa

A maior cratera lunar, formada há bilhões de anos, pode revelar segredos sobre a origem da Lua e redefinir os rumos das missões da NASA.

Por Manuela Mourão
Atualizado em 20 out 2025, 08h13 - Publicado em 20 out 2025, 08h00

Uma nova pesquisa sugere que a maior e mais antiga cratera da Lua não se formou da maneira que os cientistas imaginavam. A descoberta pode alterar o entendimento sobre a história do satélite natural e, potencialmente, redirecionar o foco das futuras missões Artemis, que pretendem levar astronautas de volta à superfície lunar – a próxima está prevista para 2027.

A cratera em questão é a bacia do Polo Sul–Aitken (SPA), uma cicatriz colossal de 2.500 quilômetros de diâmetro e até 8 quilômetros de profundidade, localizada no lado oculto da Lua – a face que nunca é visível da Terra. Formada há cerca de 4,3 bilhões de anos, ela teria surgido quando um asteroide gigantesco colidiu com o satélite, em um impacto mais de dez vezes mais poderoso que o evento que exterminou os dinossauros.

Mas o novo estudo publicado na Nature, liderado por Jeffrey Andrews-Hanna, cientista planetário da Universidade do Arizona, indica que o impacto ocorreu em um ângulo diferente do que se acreditava. “Isso significa que as missões Artemis pousarão na borda inferior da bacia – o melhor lugar para estudar a maior e mais antiga bacia de impacto da Lua”, explicou Andrews-Hanna em nota. É onde “a maior parte do material ejetado, proveniente das profundezas do interior da Lua, deve se acumular”.

Esses detritos incluem uma mistura radioativa conhecida como KREEP – sigla usada por geólogos para potássio (K), elementos de terras raras e fósforo – restos do antigo oceano de magma que cobria a Lua em seus primeiros 200 milhões de anos de existência. Detectado em alta concentração no limite sudoeste da bacia, o KREEP oferece pistas sobre o passado geológico lunar e sobre como o satélite se formou após a colisão entre a Terra e o protoplaneta Theia, há 4,46 bilhões de anos.

“Se você já deixou uma lata de refrigerante no congelador, deve ter notado que, à medida que a água solidifica, o xarope de milho rico em frutose resiste ao congelamento até o final e se concentra nos últimos pedaços de líquido”, disse o autor em comunicado. “Achamos que algo semelhante aconteceu na Lua com o KREEP.”

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Quando o oceano de magma gradualmente se solidificou em crosta e manto, restou “apenas aquela pequena porção de líquido imprensada entre o manto e a crosta, e esse é o material rico em KREEP”, explica o cientista.

“Todo o KREEP e os elementos produtores de calor, de alguma forma, se concentraram no lado visível da Lua, causando seu aquecimento e levando a um vulcanismo intenso que formou as planícies vulcânicas escuras que proporcionam a visão familiar da face da Lua vista da Terra”, de acordo com Andrews-Hanna. No entanto, a razão pela qual o KREEP acabou no lado visível, e como esse material evoluiu ao longo do tempo, tem sido um mistério.

“Nossa teoria é que, à medida que a crosta engrossava no lado mais distante, o oceano de magma abaixo era espremido para os lados, como pasta de dente sendo espremida para fora de um tubo, até que a maior parte dele acabasse no lado mais próximo”, disse ele.

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Os dados vieram de medições feitas pela sonda Lunar Prospector, da NASA, que orbitou o satélite entre 1998 e 1999. Eles revelaram um padrão de radioatividade que reforça a nova hipótese sobre a direção do impacto – um detalhe que pode ajudar a decifrar o que realmente aconteceu nos primórdios do sistema Terra-Lua.

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A NASA planeja pousar a missão Artemis III na região do polo sul lunar, em uma das nove áreas candidatas localizadas dentro da chamada “zona de respingos” do KREEP. Se os astronautas conseguirem coletar amostras desse material, os cientistas poderão, pela primeira vez, examinar fragmentos do manto lunar expostos pelo impacto.

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Entretanto, o cronograma permanece incerto. Tanto o Artemis II, previsto para orbitar a Lua em 2026, quanto o Artemis III, que marcaria o retorno humano à superfície lunar após mais de meio século, já foram adiados. Cortes orçamentários propostos para 2026 aumentam o risco de novos atrasos – um fator que pode dar vantagem à China, cujo programa espacial tem avançado rapidamente.

Em 2024, a missão Chang’e 6 trouxe à Terra as primeiras amostras do lado oculto da Lua, coletadas justamente dentro da bacia SPA. Embora a China tenha compartilhado parte do material com parceiros internacionais, a Nasa continua impedida de participar dessas análises por restrições legais impostas pelo Congresso dos EUA.

“Com Artemis, teremos amostras para estudar aqui na Terra e saberemos exatamente o que são”, disse Andrews-Hanna. “Nosso estudo mostra que essas amostras podem revelar ainda mais sobre a evolução inicial da Lua do que se pensava.”

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