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Nova espécie de raia-manta brasileira é descoberta e nomeada em homenagem à Iara

A Mobula yarae é a terceira espécie do mundo de raia-manta, e cientistas passaram anos procurando por ela na costa atlântica das Américas, inclusive no Brasil

Por Bela Lobato
12 ago 2025, 16h00

Até 2009, apenas uma espécie de raia-manta era conhecida no mundo: a jamanta, jamanta-gigante ou raia-manta-oceânica-gigante (Mobula birostris). Não era difícil encontrá-la, já que a espécie pode chegar a 9 metros de comprimento e 7 de envergadura e habita os oceanos tropicais de todo o mundo.

Entretanto, isso mudou quando pesquisadores identificaram que algumas jamantas eram, na verdade, membros de uma segunda espécie: a jamanta-de-recife (Mobula alfredi). Elas são menores e habitam uma área mais restrita, nos corais do Indo-Pacífico. O feito já parecia improvável em 2009, mas acaba de se repetir: uma terceira espécie foi identificada. 

É a Mobula yarae, que recebeu esse nome em homenagem à Iara, figura folclórica brasileira. Depois de mais de 15 anos de pesquisas para localizar, examinar e descrever a nova espécie, a descoberta foi publicada no mês de julho em um artigo na revista científica Environmental Biology of Fishes.

Já era antiga a suspeita de que houvesse outra espécie de raia-manta. Os pesquisadores observaram variações sutis de cor, padrão, tamanho, habitat e comportamento e se referiam a alguns espécimes como “Mobula cf. birostris” – equivalente a dizer “semelhante a birostris”. Era um jeito de reconhecer que, apesar de serem muito parecidas, havia indícios de que fosse outra espécie.

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A confirmação da diferenciação entre as duas espécies só veio com uma análise genética. Demorou muito para que os pesquisadores finalmente conseguissem coletar um espécime para análise, já que as raias-mantas tendem a afundar após a morte, e, por serem peixes cartilaginosos, se decompõem rapidamente.

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Em 2017, quando uma raia-manta apareceu morta na areia de uma praia da Flórida, os pesquisadores organizaram uma força-tarefa para recuperar o espécime em segurança. Após a preparação do corpo, a análise demonstrou que se tratava de uma fêmea jovem, saudável e sem cicatrizes. Aquele se tornou o holótipo da espécie – ou seja, o espécime com base no qual as características da espécie são definidas.

Outros espécimes e fragmentos de M. yarae já foram coletados em praias brasileiras – em Ilha Comprida, SP; Natal, RN; e em Fernando de Noronha, PE.

E como é essa nova espécie, afinal? A M. yarae, quando adulta, pode ser tão grande quanto uma jamanta-gigante, e as principais diferenças são manchas brancas em forma de V nos ombros, coloração mais clara ao redor da boca e dos olhos e manchas escuras no abdômen.

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Fotografias da raia-manta.
Na primeira coluna (fotos A e D), Mobula birostris, a jamanta-gigante. Na segunda (B e E), Mobula alfredi, a jamanta-de-recife. Na última coluna (C e F), a nova espécie, Mobula yarae. (Marine Megafauna Foundation/Leo Francini; Guy Stevens; Rawany Porfilho; Mauricio Andrade; Nayara Bucair/Divulgação)

 

Veja como distinguir as três espécies:

A M. yarae apresenta uma mistura de características das duas espécies conhecidas de raias-manta. Vista de cima, a coloração dorsal preta e o formato das barbatanas peitorais se assemelham a jamanta-gigante e (M. birostris). Na barriga, a face mais clara e os padrões de manchas se assemelham aos da jamanta-de-recife (M. alfredi).

A M. yarae tem manchas brancas distintas em forma de “V” nos ombros, ao contrário das manchas em forma de “T” da M. birostris. A coloração ao redor da boca e dos olhos é mais clara em comparação com as jamantas-gigantes. No ventre, as manchas escuras da M. yarae são restritas à região abdominal, e não se estendem entre as guelras como nas jamantas-de-recife.

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A nova espécie é frequentemente encontrada em águas costeiras tropicais e subtropicais do oeste do Atlântico, que se estendem do leste dos Estados Unidos até o Brasil, incluindo o Golfo do México e o Mar do Caribe.

Agora que os cientistas sabem que a espécie existe, podem propor estratégias de conservação para protegê-la das ameaças da costa do Oceano Atlântico ocidental. A espécie é especialmente vulnerável a colisões com barcos, emaranhamento em linhas de pesca e captura acidental por pescadores.

O DNA do animal também sugere que a M. yarae se separou da jamanta há relativamente pouco tempo, proporcionando aos pesquisadores uma rara oportunidade de estudar a evolução em ação.

“As crianças costumam me perguntar se, nos dias de hoje, ainda há algo a ser descoberto”, escreveu a pesquisadora Andrea Marshall, uma das pioneiras da pesquisa em raias-manta, no Instagram. “Eu sempre rio e acabo contando minha história, porque sou a prova viva de que há. A única barreira que enfrentamos é ter a mente fechada e achar que sabemos tudo, quando na verdade mal tocamos na superfície.”

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