Novo estudo descobre fungos capazes de decompor plástico
Cogumelos (e outros organismos) comedores de plástico podem, no futuro, ajudar a diminuir a quantidade de lixo do planeta.
Se a última imagem que você tem de um fungo é o Cordyceps, que dizimou a humanidade na série The Last Of Us), fique tranquilo. No mundo real, essas criaturas são indispensáveis para a vida na Terra, e muitas delas possuem habilidades que podem resolver problemas cotidianos – como as espécies recém-descobertas por cientistas do Sri Lanka, capazes de “comer” plástico.
Organismos que conseguem decompor plástico não são exatamente uma novidade, de fato. Pesquisas anteriores já mostraram que pelo menos umas 400 espécies (tanto de fungos como de bactérias) incluem diferentes tipos de plástico no seu cardápio.
Mas o que torna a recente descoberta relevante é que alguns fungos se mostraram capazes de comer polietileno, um dos diversos tipos de polímeros que formam o que a gente chama genericamente de “plástico”. Ele é a base de objetos como sacolas plásticas e garrafas – e pode demorar mais de 150 anos para se decompor na natureza.
No estudo, pesquisadores universidades de Kelaniya e Peradeniya (ambas do Sri Lanka) analisaram espécies de fungos capazes de decompor a lignina, um polímero orgânico que é o principal componente dos troncos das árvores. Então se perguntaram: “se eles conseguem comer madeiras tão resistentes, será que podem fazer o mesmo com outros itens duros, como plástico?”.
Os cientistas coletaram amostras de fungos de uma floresta. No laboratório, separaram cada espécie em frascos, e colocaram pedaços de madeira em alguns e lâminas de plástico em outros. Após 45 dias, eles viram que os fungos, como o Phlebiopsis flavidoalba, de fato conseguiam jantar as moléculas de plástico.
Fungos desse tipo podem ser grandes aliados no combate à quantidade cada vez maior de plástico que a humanidade produz no mundo: são 400 milhões de toneladas todos os anos – e só 10% disso é reciclado. Em março, 70 países assinaram na ONU o primeiro acordo internacional de combate aos resíduos plásticos. É o maior pacto ambiental desde o Tratado de Paris. Você pode entender melhor a dimensão do problema nesta reportagem de capa da Super.