O que explica a cratera de 32 metros formada no Chile
Um grande buraco apareceu perto de uma mina do país. A causa pode ser natural ou provocada artificialmente. Entenda.
Autoridades chilenas investigam a misteriosa aparição de um buraco no deserto do Atacama, no Chile, perto de uma área de mineração. No dia 1° de agosto, a cratera tinha 25 metros de diâmetro; agora, já está com 32 metros e profundidade de 200 metros de diâmetro.
O buraco fica na região da mina de Alcaparrosa, 665 quilômetros ao norte da capital Santiago. O terreno de mineração é da empresa canadense Lundin Mining. Segundo as autoridades chilenas, as áreas de entrada da mina foram fechadas. A causa do evento ainda está sob investigação.
Francisco Dourado, afiliado da Sociedade Brasileira de Geologia e chefe do Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres (CEPEDES) afirma que o problema é relativamente comum. “Esse tipo de problema ocorre em qualquer lugar que tenha algum tipo de caverna embaixo, seja ela natural ou artificial.”
Segundo ele, ainda é muito cedo para consolidar a razão do surgimento do buraco. Quando ocorrem naturalmente, essas aparições estão relacionadas aos carbonatos presentes no solo. Eles são dissolvidos pelo fluxo de água de rios subterrâneos ou aquíferos. Eles deixam “espaços vazios”, enfraquecendo as rochas. Às vezes, o peso é tão grande que o solo desaba, abrindo um buraco no chão.
“Não dá para afirmar se esse que ocorreu no Atacama tem alguma associação com a mineração. Provavelmente sim, porque ali não é uma área de carbonato,” diz o pesquisador.
“Esse buraco pode ter sido criado naturalmente por meio de um rio subterrâneo que dissolveu um carbonato ou um sal que tem ali dentro. Isso pode ter criado uma caverna e ela entrou em colapso”. Esse é o mesmo processo físico de uma mineração. “A mineração tira o material (neste caso, o cobre) de dentro da Terra e leva-o para cima para ser processado. Essa mina, que é uma caverna artificial, também entra em colapso.”
Por outro lado, autoridades chilenas afirmaram ter encontrado água no fundo da cratera; o que geralmente está associado às aparições naturais do fenômeno.
A mina subterrânea tem como principais produtos o cobre, a prata e o ouro. Em um comunicado, a empresa afirma que isolou a área assim que o buraco foi detectado, a e as devidas autoridades foram comunicadas. Também informaram que não houve danos ao pessoal, equipamento, ou infraestrutura da mina.