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Pela primeira vez, cientistas clonam camundongos a partir de células da pele

Novo método promete melhorar armazenamento de células, o que pode, no futuro, ajudar a recuperar espécies ameaçadas de extinção.

Por Luisa Costa
7 jul 2022, 19h36

Pesquisadores japoneses desenvolveram um novo método de clonagem em camundongos: a partir de células de pele liofilizadas. A descoberta pode ajudar na recuperação futura de espécies ameaçadas de extinção, aumentando sua diversidade genética.

Projetos de conservação que recorrem à clonagem utilizam células congeladas, mantidas em nitrogênio líquido em biobancos (depósitos de amostras biológicas, usadas em pesquisas científicas). Mas isso é caro e arriscado: o armazenamento pode ser prejudicado pela falta de energia ou por falhas no abastecimento do nitrogênio. Quando isso acontece, as células podem derreter e se tornar inutilizáveis.

“Se as células puderem ser preservadas sem nitrogênio líquido, usando a tecnologia de liofilização, isso permitirá que recursos genéticos de todo o mundo sejam armazenados de forma barata e segura”, explicou ao jornal The Guardian Teruhiko Wakayama, autor principal do estudo, publicado na revista Nature Communications.

Como a pesquisa foi feita

O estudo testou uma nova técnica para o armazenamento das células: a liofilização, em que as amostras são desidratas antes de serem congeladas. Os pesquisadores submeteram células da cauda de camundongos a esse processo e as armazenaram por até nove meses.

As células morreram – mas isso não impediu os cientistas de criarem embriões clonados a partir delas, colocando-as em óvulos de camundongos que tiveram seus núcleos removidos. A partir daí, os embriões em estágio inicial foram usados para criar estoques de células-tronco, que geraram uma segunda rodada de clonagem.

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Em um processo similar à primeira etapa, essascélulas foram inseridas em óvulos, que geraram embriões – que se desenvolveram completamente. Foram 75 camundongos clonados no total.

Para verificar a fertilidade dos indivíduos, os cientistas cruzaram nove fêmeas e três machos com camundongos normais. Todas as fêmeas tiveram ninhadas, mas a taxa de sucesso para a criação de filhotes de camundongos fêmeas e machos saudáveis não passou de 5,4%. Foi, de qualquer forma, um primeiro (e importante) passo para o desenvolvimento da tecnologia que pode fornecer uma solução alternativa para a conservação de espécies ameaçadas.

A clonagem a serviço da preservação

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Quando o assunto é conservação de espécies, a clonagem é uma ferramenta para situações extremas. As medidas principais, básico, claro, são a preservação do meio ambiente e o combate ao tráfico de animais silvestres. Colocar indivíduos em cativeiro também é uma das principais formas de evitar que espécies em declínio sumam de vez.

O problema é que, quando se tem poucos indivíduos da espécie ameaçada em cativeiro, a reprodução fica, com cruzamentos consanguíneos. Isso diminui a diversidade genética, o que aumenta o risco de doenças congênitas e torna os animais mais vulneráveis a doenças, por exemplo. 

Alguns pesquisadores acreditam que técnicas de clonagem podem ser uma solução para esse impasse. De fato: a ideia de criar clones (indivíduos com o mesmo DNA) para aumentar a diversidade genética pode soar estranha. Mas os cientistas defendem que coletar células e armazená-las nos biobancos pode ajudar como último recurso para gerar indivíduos no futuro, se for necessário reviver populações de alguma espécie.

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