Clobert J. Passoni, Nova Aurora, PR
Durante um choque, o que importa não é a voltagem-diferença de potencial elétrico entre um ponto e outro – e sim a amperagem, que é a intensidade da corrente elétrica. Por uma lâmpada de 100 watts passa, por exemplo, uma corrente de cerca de 900 miliampères, ou 0,9 ampère. Ao receber o choque, a pessoa funciona como uma ponte que transporta a corrente elétrica já que o corpo humano, formado em grande parte por água e sal, é um bom condutor de eletricidade. “O organismo é capaz de sentir uma corrente a partir de 1 miliampère”, explica o médico do trabalho Sérgio Alcântara Madeira, da Eletropaulo-Eletricidade de São Paulo. A partir daí até 9 miliampères ocorrerá um processo ligeiramente doloroso. De 9 a 20 miliampères, além da dor, a pessoa perde parte do controle muscular e não consegue largar o condutor. Acima disso, os problemas passam a ser mais graves, podendo causar a morte. Uma corrente de 75 miliampères produz a contração dos músculos do pulmão, provocando deficiência do sistema respiratório. Acima de 75 miliampères a descarga elétrica começa a interferir no coração, que também trabalha com mecanismo elétrico, provocando uma arritmia cardíaca. Mas esses números podem variar. “Se a corrente entrar pela mão e sair pelo da pessoa, o caminho que percorrerá é grande e também grandes os danos causados”, diz Madeira. Mas, se percorrer apenas os dedos, por exemplo, provocará queimaduras, mas raramente morte. As queimaduras acontecem porque o corpo funciona como a resistência do chuveiro, que transforma energia elétrica em calor. Pessoas com as mãos calejadas e secas são muito menos afetadas por um choque que uma com mãos finas e úmidas.