SpaceX simulará acidente com foguete para testar segurança de módulo tripulado
O teste, que ocorrerá às 6h manhã de sábado (18), é essencial para demonstrar à Nasa que Musk é capaz de levar astronautas à Estação Espacial Internacional.
O próximo sábado (18) será marcado por uma nova travessura da SpaceX. Em conjunto com a Nasa, a empresa lançará o foguete Falcon 9 com o objetivo de destruí-lo. Isso mesmo, serão apenas alguns minutos de voo antes da engenhoca cair de propósito. Obviamente há uma explicação.
A ideia é testar dispositivos de segurança para tripulantes humanos. Musk vai acoplar ao foguete a cápsula Crew Dragon, cuja função é transportar passageiros, mas que neste caso específico obviamente estará vazia. Caso o teste seja bem sucedido, e nenhum dos passageiros imaginários morra, a SpaceX estará um passo mais próxima de lançar astronautas de carne e osso para a Estação Espacial Internacional (ISS) na Falcon 9.
Os astronautas da Nasa que seriam designados para esta viagem hipotética são Bob Behnken e Doug Hurley. Eles ficariam duas semanas na ISS e retornariam. Ainda não há datas para esta missão, mas o CEO da SpaceX, Elon Musk, acredita que até fevereiro teremos este Falcon 9 capaz de transportar humanos.
Passo a passo
O teste se dará da seguinte forma: um minuto e meio após o lançamento, o Crew Dragon vai se separar do foguete. Depois, os motores do foguete serão desligados para que ele caia de volta na Terra, e os oito propulsores da cápsula (esses motores são chamados de SuperDraco) serão ativadas.
Assim, o voo do foguete é abortado enquanto o módulo com os humanos é ejetado para uma distância segura, para pousar com auxílio de um paraquedas. Ele flutuará em segurança no Oceano Atlântico até uma equipe chegar ao local com um barco equipado para realizar o resgate.
Em um cenário real – com tripulantes –, esse procedimento seria aplicado como plano B, caso o foguete começasse a seguir em uma direção errada, que não o levaria à ISS. Assim, os astronautas voltam para Terra em vez de ficarem perdidos em um cantinho solitário do espaço, o que não é nada legal.
Veja no vídeo abaixo o plano de resgate:
Experiências anteriores
Já foram feitos diversos testes para comprovar a segurança da cápsula Crew Dragon ー afinal, ela está sendo desenvolvida há seis anos. Mas todos aconteceram em terra firme. Os motores SuperDraco, por exemplo, foram testados pela primeira vez em abril de 2019 (e falharam, diga-se de passagem).
O protótipo da Crew como um todo explodiu nessa época. Só em novembro vieram os dias de glória. Os propulsores foram novamente testados e tudo correu bem. Ou pelo menos precisamos torcer por isso, pois é essa a versão que será utilizada em breve.
A existência de um módulo ejetável para situações de emergência foi uma lição aprendida em 1986. Neste ano, a Nasa lançou o ônibus espacial Challenger, com sete astronautas. Poucos minutos após a decolagem, a espaçonave explodiu, e não havia nenhuma forma de escapar.
Boeing vs SpaceX
O lançamento de pessoas pela SpaceX marcaria o retorno das viagens tripuladas saídas de solo americano, já que desde 2011 só foram utilizados foguetes russos para acessar a ISS. Outro marco é o fato do Falcon 9 ser um projeto da iniciativa privada, e não 100% público – como era praxe durante a Guerra Fria.
A missão faz parte do Programa de Tripulação Comercial, que busca incentivar o desenvolvimento de naves tripuladas. Mas a SpaceX não é a única participante.
Sua rival é a Boeing, que vem desenvolvendo a cápsula CST-100 Starliner. Em dezembro, eles lançaram a dita-cuja ao espaço pela primeira vez. Porém, devido a uma falha, não chegaram a ISS. De qualquer forma, estão mais próximos do feito do que a SpaceX.
A SpaceX e a Boeing são uma aposta da Nasa. Caso o Crew Dragon e o CST-100 Starling prosperem, teremos então o primeiro meio de transporte eficaz para astronautas em quase uma década ー eles entrarão no lugar dos velhos ônibus espaciais, fora de uso desde 2011.
O lançamento ocorrerá no Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, Flórida. Está marcado para às 6h da manhã no horário de Brasília, mas há uma margem de erro que abrange as quatro horas seguintes. O espetáculo poderá ser visto por quem estiver perto da área ー lembrando que a praia mais próxima estará interditada ー ou pelo canal oficial da SpaceX, que fará transmissão ao vivo.