Supernova famosa tem novos detalhes revelados pelo James Webb
Observada há quase 40 anos, a formação da SN1987A apresenta um dos maiores mistérios da astronomia atual.
O super telescópio espacial James Webb segue firme e forte em sua missão de observar o que nenhum homem (ou telescópio) jamais observou. Dessa vez, o Jaiminho (para os íntimos), coletou novos detalhes de uma das supernovas mais famosas do universo.
Localizada na galáxia da Grande Nuvem de Magalhães (uma galáxia anã ao lado da nossa própria Via Láctea), a mais ou menos 170.000 anos-luz, a supernova SN1987A está próxima, em termos astronômicos. Quando foi descoberta, em 1987, ela era a supernova mais brilhante e próxima a a ser observada em quase 4 séculos.
Mas por que essa supernova é tão famosa assim? Bem, para responder isso, é importante entender primeiro o que é uma supernova.
Supernovas nada mais são do que grandes explosões estelares, sendo um dos fenômenos mais impressionantes e luminosos do universo.
Essa explosão pode ocorrer de duas formas. A primeira é quando duas estrelas compartilham um mesmo centro gravitacional e orbitam juntas – ou seja, é um sistema estelar binário (tipo o de Tatooine, em Star Wars). Mas não é qualquer sistema binário.
Para que nesse caso aconteça uma supernova, uma das estrelas precisa ser uma anã-branca. Nesse caso, a anã-branca vai atrair toda a energia da outra estrela, até não aguentar mais e enfim explodir (levando a outra coitada junto).
Já no segundo tipo, as explosões acontecem no fim do ciclo de vida de estrelas gigantes, ou seja, aquelas que possuem uma massa e tamanho de até 100 vezes maiores que o Sol (como a colossal VY Canis Majoris, que tem 2100 vezes o tamanho da nossa estrela).
Nesse caso, a estrela vai queimar todo o seu hidrogênio, até que os outros elementos químicos presentes colapsem devido à força gravitacional, e a estrela enfim exploda.
Agora sim, voltando à pergunta. O que SN1987A tem de tão especial?
Bom, apesar de ela já ter sido avistada antes por outros telescópios, como o Hubble ou o Spitzer, é a primeira vez que os astrônomos conseguem enxergar o fenômeno com tanta riqueza de detalhes. Graças a isso, os pesquisadores poderão ter uma melhor compreensão do que exatamente acontece quando grandes estrelas finalmente morrem.
Além disso, um dos grandes mistérios e razões pela qual a SN1987A é tão famosa, é por que ela é derivada da explosão de uma estrela supergigante azul. Antigamente, se acreditava que somente as gigantes vermelhas (como a Canis Majoris) poderiam explodir.
O mistério acontece justamente no que diferencia essas duas estrelas. Enquanto as vermelhas são geralmente as estrelas mais velhas, as azuis ainda são jovens (o que explica a dificuldade de se encontrar estrelas desse tipo).
Em entrevista à BBC News, o astrônomo Roger Wesson, da Universidade de Cardiff, explica que as imagens capturadas pelo Webb fornecem mais detalhes da estrutura da supernova, o que pode dar pistas sobre esse mistério.
“Conseguimos ver novos pontos quentes surgindo fora do anel que havia sido iluminado anteriormente. Além disso, vemos emissões de hidrogênio molecular no anel que não eram necessariamente esperadas e algo que apenas o James Webb poderia ter revelado com sua sensibilidade e resolução superiores”.
Tudo isso só é possível graças ao James Webb. Criado pela NASA, em parceria com a ESA (Agência Espacial Europeia), e pela Agência Espacial Canadense (CSA), o James Webb é uma das maiores e mais complexas estruturas já feitas pela humanidade. Uma de suas principais diferenças é que ele é equipado com um telescópio infravermelho.
Diferente do Hubble, que captura imagens principalmente em frequências de luz visível e ultravioleta, o Webb consegue “enxergar” na radiação infravermelha. Graças a isso, ele consegue captar imagens de estrelas, galáxias e outros objetos cósmicos que emitem esse tipo de radiação.