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Você é mais inteligente do que acha que é?

Se você não confia na palavra da sua mãe, não se preocupe: pessoas inteligentes compartilham traços que vão além da opinião materna – alguns bem estranhos

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
15 nov 2017, 18h52

Todo mundo diz que você é inteligente. Mas será que é mesmo? A SUPER selecionou 7 sinais de inteligência típicos – todos reforçados por artigos científicos. Será que você se encaixa em pelo menos alguns deles?

Antes de começar, vale lembrar que a maior parte dessas pesquisas se baseia em testes tradicionais de medição da inteligência lógico-matemática. Hoje, a psicologia já sabe que medir as capacidades humanas demanda muito mais critérios do que ser capaz de lidar com números, fórmulas e formas geométricas – e que pessoas que não seriam consideradas “inteligentes” na acepção mais popular da palavra na verdade são geniais em atividades que queimam muitos neurônios, como tocar instrumentos musicais ou jogar futebol. Ou seja: não se preocupe se você ainda não tirou um doutorado em Física. Talvez seus genes sejam melhores em outra coisa – é só encontrar sua praia.

Você tem autocontrole 

É claro que todo mundo está sujeito a ceder a impulsos estúpidos. Mas os cérebros privilegiados são melhores em focar nas consequências futuras de uma ação para tomar decisões mais razoáveis – mesmo que isso signifique sair na desvantagem em curto prazo. Em 2008, um experimento científico colocou 103 voluntários de QIs variados para tomar uma decisão: ganhar uma pequena quantidade de dinheiro no momento da participação no estudo ou uma cifra até 20 vezes maior algum tempo depois (que poderia ser uma semana, um mês, ou até alguns anos). Não deu outra: os que se deram melhor na avaliação de inteligência foram justamente os que não se importaram de esperar mais para faturar uma graninha extra.

Você é engraçado

Muitos CDFs (incluindo este repórter) vão discordar – se eles fizessem piadas boas, talvez não tivessem sofrido tanto na escola. Mas um estudo feito em 2011 na Universidade do Novo México revelou que os engraçadinhos de plantão são mais inteligentes que a média. A avaliação foi curiosa: primeiro, cada um dos 400 voluntários foi avaliado por uma bateria de testes cognitivos. Depois, eles receberam tirinhas publicadas na revista The New Yorker, mas com os balões de fala em branco. A ideia era completá-los com piadas criadas na hora, de improviso.

Depois dessa sessão de “se vira nos 30”, os participantes deram notas anônimas ao humor dos colegas. Não deu outra: as tirinhas mais bem avaliadas eram das pessoas que haviam se dado melhor nos testes feitos antes do experimento. O que, se você parar para pensar, não é exatamente surpreendente. Afinal, fazer boas piadas envolve pensar rápido e unir conceitos aparentemente distantes de forma inusitada – duas coisas que você faz melhor com neurônios mais malandros.

Você gosta da sua própria companhia

Talvez seja impossível ser feliz sozinho, não é, Tom Jobim? Pena que ninguém falou nada sobre ser inteligente. Este artigo científico, publicado em 2016, revela que a satisfação com a própria vida de fato é maior em quem vai para rolês com frequência – mas que as pessoas com QIs maiores são justamente as que não não gostam tanto assim do convívio social.

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Você bebe um bocado

Que fique bem claro: esse não é um conselho, uma sugestão ou uma apologia. Só um fato, revelado por pesquisas de longuíssimo prazo e nome complicado – como o estudo nacional longitudinal de saúde da adolescência a vida adulta (ADD Health), que desde 1994 acompanha o crescimento de um grupo de crianças norte-americanas. As que haviam recebido avaliações de inteligência mais promissoras nos primeiros anos do estudo se tornaram adultos mais beberrões com o passar do tempo, consumindo oito décimos de álcool a mais que os colegas de QI mais baixo.

Aqui vale um reforço, só caso a descrição do estudo não seja suficiente: encher o caneco até a inanição não vai te tornar ninguém mais inteligente – embora, ao que tudo indique, você tenda a encontrar mais pessoas inteligentes no bar.

Você é preguiçoso

Mas só para exercícios físicos, que fique bem claro. Afinal, se você fosse preguiçoso para exercícios mentais, você não seria inteligente, certo?

O estudo, nesse caso, começou selecionando pessoas que se encaixavam em diferentes espectros da escala de necessidade de cognição. Essa escala mede basicamente o quanto você é propenso a se perder nos próprios pensamentos e abstrações – e quanto prazer você sente em resolver desafios que exigem muito do cérebro.

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Depois que todos os voluntários haviam recebidos suas classificações, eles foram enviados para casa com pulseiras, que mediram o quanto eles praticaram atividade física ao longo de uma semana. Na hora de analisar os dados, não deu outra. Quanto mais pensante fosse a pessoa, menos ela se mexia. E não estamos falando só de esportes e caminhadas: até o número de vezes que os CDFs clássicos se levantam da cadeira para mudar de cômodo é menor. Os resultados foram publicados neste artigo científico.

Você confia demais nos outros

Afinal, ninguém disse que sua inteligência te impede de ser trouxa.

Pausa dramática. Calma, não é bem assim. Um estudo feito em Oxford em 2014 de fato constatou que pessoas com mais capacidades cognitivas tendem a confiar mais nos outras.

Mas uma das explicações é que as pessoas inteligentes acertam mais ao julgar as pessoas – o que faz com que elas escolham parceiros de trabalho e faculdade mais competentes de antemão, evitando stress. Outra é que elas também parecem reconhecer melhor as situações em que correm o risco de serem traídas. Ou seja, elas confiam nos outros porque, em primeiro lugar, confiam que escolheram os outros certos.

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Você come mais chocolate

Se você está pensando que isso só pode ser uma piada, é porque é mesmo. E sim, de alguém que literalmente não tinha nada para fazer. O cardiologista Franz Messerli estava deitado num quarto de hotel quando parou para pensar sobre um estudo recente, em que pesquisadores comprovam que uma substância presente no cacau aumenta as capacidades cognitivas de seus consumidores. Foi então que ele resolveu analisar se os países de onde mais saíam vencedores do Prêmio Nobel consumiam mais chocolate que a média. Não deu outra: o consumo per capita do doce em um país é proporcional ao número de láureas.

Pena que o dado provavelmente só reflete uma coisa: desigualdade socioeconômica. Afinal, os campeões são justamente países como Suíça, Alemanha e Suécia. Onde há mais investimento em ciência e mais dinheiro para a sobremesa.

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