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Bruno Garattoni

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Vencedor de 15 prêmios de Jornalismo. Editor da Super.
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Pandemia pode ter começado em três cientistas chineses, afirmam fontes do governo dos EUA

Eles faziam estudos com coronavírus de morcegos - e teriam se infectado acidentalmente com o Sars-CoV-2, que então transmitiram pela cidade de Wuhan no final de 2019; pesquisador chinês nega a possibilidade

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Atualizado em 6 set 2024, 15h39 - Publicado em 26 jun 2023, 09h09

Eles faziam estudos com coronavírus de morcegos – e teriam se infectado acidentalmente com o Sars-CoV-2, que então transmitiram pela cidade de Wuhan no final de 2019; pesquisador chinês nega a possibilidade

Ben Hu, um dos principais cientistas do Instituto de Virologia de Wuhan (WIV), e seus colegas Yu Ping e Yan Zhu. Segundo o Wall Street Journal, que cita fontes internas do governo dos EUA, a pandemia teria começado com eles: os três teriam se infectado acidentalmente com o Sars-CoV-2, no qual estavam trabalhando, em novembro de 2019. 

Os três não ficaram em quarentena – e em sua movimentação pela cidade de Wuhan, para ir e voltar do trabalho, teriam transmitido o vírus a outras pessoas, detonando a maior crise sanitária em 100 anos. 

A informação de que três cientistas do WIV ficaram seriamente doentes, e chegaram a procurar um hospital, é conhecida desde o primeiro semestre de 2021. Na época, a virologista Marion Koopmans, da OMS, disse ter sido informada pelo governo chinês de que os três testaram negativo para Covid. 

Mas a China nunca divulgou os nomes, nem apresentou cópias dos testes. Agora, as identidades foram reveladas. Elas foram divulgadas em primeira mão pelo site Public, do jornalista americano Matt Taibbi, que citou fontes do governo dos EUA – as mesmas consultadas, agora, pelo Wall Street Journal.

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coronavírus-pandemia
O cientista chinês Ben Hu, que trabalhava no Instituto de Virologia de Wuhan e pode ter sido uma das pessoas que começou a pandemia, após se infectar acidentalmente com o Sars-CoV-2. (YouTube/Reprodução)

Ben Hu e seus colegas faziam pesquisas com coronavírus de morcegos, buscando formas de torná-los patogênicos em humanos. Esse trabalho era parcialmente financiado pelo National Institutes of Health (NIH), do governo americano, através de um contrato de cooperação entre China e EUA.

O trabalho incluía estudos do tipo “ganho de função” (GoF), em que vírus são modificados para adquirir novas capacidades. Embora possam ter usos legítimos, os estudos GoF são considerados arriscados – e chegaram a ser proibidos nos Estados Unidos entre 2014 e 2017. 

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Eles se enquadram no chamado “uso dual”, de tecnologias que podem ter uso civil e militar. Embora as armas biológicas tenham sido banidas em 1972, as superpotências continuam a fazer pesquisas relacionadas a elas – oficialmente, isso é realizado com propósito “defensivo”, para conhecer melhor eventuais ameaças e se antecipar a elas. Mas não elimina o risco de vazamentos.

Embora fizesse pesquisas sabidamente perigosas, o Instituto de Virologia de Wuhan não seguia todas as normas de segurança. Sua cientista mais importante, a virologista Shi Zhengli, admitiu que o trabalho com coronavírus de morcego era feito em laboratórios BSL-2 e BSL-3 (níveis de biossegurança 2 e 3), o que é inadequado. 

Vírus letais e que se espalham pelo ar, como o Sars-CoV-2, só podem ser manipulados em salas BSL-4, que trabalham sob protocolos rígidos e possuem medidas extremas de contenção – nelas os cientistas usam roupas pressurizadas, que lembram as dos astronautas.    

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Procurado pela revista Science, Ben Hu negou tudo: disse que não ficou doente no final de 2019, e que as novas informações “são absolutamente rumores, e ridículas”.

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