Por que a gente solta lágrimas quando chora?
Para que alguém te ofereça um lenço. Ou um ombro amigo. Tudo culpa da evolução.
Não existe um consenso. Há poucos estudos sobre a ciência do choro, mas algo já está confirmado: as lágrimas que brotam em consequência de um estado emocional intenso têm composição química diferente das que saem dos seus olhos quando você pica cebola. Ou das que simplesmente estão ali, sem cair, para efeito de lubrificação.
Além das enzimas, lipídios, metabólitos e eletrólitos que fazem parte de qualquer lágrima, as de fundo emocional contêm mais proteínas. E essa diferença na composição as torna mais viscosas, de forma que aderem à pele com mais força e escorrem pelo rosto mais lentamente. E qual o efeito disso? Elas ficam mais propensas a serem vistas por outras pessoas. E assim podem desencadear vínculos sociais e conexões.
É nessa linha que alguns pesquisadores apostam: lágrimas no choro sobreviveram ao filtro da evolução para que sejamos notados. Mostram para outros que estamos passando por alguma situação com a qual não conseguimos lidar sozinhos. Que precisamos de ajuda para superar um momento de dificuldade – seja de natureza física ou psicológica.
Derramar lágrimas ao chorar, portanto, seria uma vantagem evolutiva, para demonstrar vulnerabilidade e conquistar apoio. E quem chora de felicidade? Esse também mexe com o coração do próximo. Gera camaradagem. É nisso que acredita, por exemplo, o neurologista Michael R. Trimble, professor emérito da University College London, que escreveu um livro sobre por que humanos choram: “as áreas do cérebro ativadas quando vemos alguém muito emocionado são as mesmas que entram em ação quando nós mesmos estamos sob forte emoção”.
Empatia que chama. E, na longa jornada da evolução, contar com pessoas que tenham esse sentimento por você pode ter feito a diferença entre a vida e a morte. Ou, pelo menos, entre o conforto e o sofrimento.
Fonte: Why Humans Like to Cry: Tragedy, Evolution, and the Brain, de Michael R. Trimble.