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O ovo de galinha é formado por uma única célula?

Ele contém só uma célula – o gameta feminino não fecundado. Mas não é uma célula. 

Por Bruno Vaiano Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 5 set 2024, 09h01 - Publicado em 8 mar 2019, 16h19

Você já sabe: mulheres produzem gametas chamados óvulos; homens produzem gametas chamados espermatozoides. Quando um espermatozoide fecunda um óvulo, as metades de material genético fornecidas por cada um dos pais se misturam e surge uma célula única – que então se multiplica e dá origem a um bebê (biólogos vão notar que, no ser humano, bem como em muitos mamíferos e aves, o óvulo não fecundado atende pelo nome de ovócito secundário – mas vamos evitar jargão).   

O óvulo tem aproximadamente um décimo de milímetro, ou 100 micrômetros (μm). Dá para ver a olho nu, se você estiver com os óculos em dia. E embora seja algo minúsculo na escala humana, ele é imenso para os padrões de uma célula: os glóbulos vermelhos que transportam oxigênio no sangue, em comparação, tem 8 μm. A diferença de tamanho entre um óvulo e um glóbulo vermelho é proporcional à diferença de tamanho entre uma pessoa e um prédio.  

Nas aves, como você também já sabe, o equivalente ao óvulo se desenvolve no interior de um invólucro cascudo chamado ovo – que é particularmente gostoso na frigideira. Além do óvulo em si, o ovo possui clara e gema com proteínas, carboidratos e lipídios, nutrientes necessários para o crescimento do bebê, já que ele não pode ser alimentado pela mãe.  

Esses dias um leitor da SUPER – Marcos Schroeder – perguntou ao venerável Oráculo se, na verdade, o ovo de galinha é o óvulo. Se todo o ovo, em seus gloriosos seis centímetros, consiste em uma célula só. Seria a maior célula que existe, de longe. Ou melhor: só não seria maior que um ovo de avestruz. Essa sim, uma célula épica. Dá quase para ver do espaço.

Pena que a resposta é decepcionante: um ovo não fecundado de fato contém uma única célula – o gameta feminino. Mas é problemático pensar no ovo em si, com casca e tudo, como o gameta. Nas palavras do Oráculo: “Ele é um invólucro em torno do gameta, que servirá para proteger e alimentar o pintinho. O núcleo e as organelas do gameta – os componentes essenciais da célula eucariótica – ficam em um ponto da gema chamado disco germinativo. A gema em si tem uma espécie de continuidade com o disco germinativo. Por isso, algumas fontes (como o livro Molecular Biology of the Cell) mencionam a gema como a célula – o que a tornaria a maior célula que você já viu.”

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Eu perguntei à Fernanda Almerón, mestre em biologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e de longe a pessoa que mais vezes salvou a minha pele em reportagens de biologia. Ela me disse mais ou menos a mesma coisa: “Pelo que eu entendi, quando o ovo não está fertilizado – ou seja, o ovo de supermercado –, a manchinha branca que fica em cima da gema seria a célula, que se tornará embrião.” A manchinha branca, no caso, é o já mencionado disco germinativo (também chamado de cicatrícula). “Porém, existem linhas de pensamento na biologia que enxergam a gema e a manchinha branca como uma única célula. Por isso, se diz que o ovo é uma célula gigante”.  

Ou seja: dependendo do raciocínio, a gema pode entrar no rolo – ainda que, quando o óvulo fecundado começa a se desenvolver, as primeiras divisões celulares (clivagem) ocorram só no disco germinativo, e não na gema como um todo. O que com certeza não é parte da célula são os demais componentes (a clara, casca etc.). Esses são produzidos de fora pela mamãe galinha. Quem me confirma é a professora de embriologia Tatiana Montanari, também da UFRGS, que me pede para mencionar seu livro Embriologia: texto, atlas e roteiro de aulas práticas (2013) – veja aqui.

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