Você pode ter o disco que a Nasa despachou na Voyager em 1977
As sondas Voyager, que já estão na fronteira do Sistema Solar, carregam consigo discos que resumem a civilização humana. Agora, eles podem ser seus
Quem lê a SUPER sempre já deve saber disso, mas vou recapitular, só no caso. Quando as sondas Voyager foram lançadas, em 1977, elas carregaram cada uma um disco de cobre folheado a ouro com uma coletânea de sons terráqueos. A seleção inclui vulcões, trovões, baleias, canções folclóricas de vários povos, saudações em dezenas de línguas (inclusive português), peças de Bach, Beethoven, Stravinsky e Mozart e, é claro, Johnny B. Goode, de Chuck Berry. No pacote também foram imagens que resumem nossa espécie, nossa ciência e nossa cultura — além de instruções para decodificar tudo isso.
A Voyager I já está a 20 bilhões de quilômetros do Sol, mas ainda vai demorar muito (mais precisamente 40 mil anos) para ela passar perto da próxima estrela que está em sua rota, Gliese 445. Se calhar da sonda, um dia, ser interceptada por uma civilização alienígena com o mesmo grau de desenvolvimento tecnológico da nossa, talvez eles sejam capazes de dar play no LP mais valioso da Terra — cuja seleção de faixas é autoria de Carl Sagan.
Enquanto isso não acontece, você pode ter sua própria cópia do álbum mais ambicioso da história da Terra. É sério.
Segundo o Washington Post, uma gravadora chamada Ozma Records, de São Francisco, nos EUA, fez uma campanha de crowdfunding no Kickstarter para lançar uma pequena tiragem do disco de ouro — desta vez, o público alvo eram terráqueos CDFs, e não alienígenas.
A ideia era bater US$ 198 mil, mas eles conseguiram US$ 1,36 milhão em contribuições. Quem contribuiu com mais de US$ 98 ganhou um lindo box set, que além do disco em si, continha um livro e outros mimos da missão. Deu tão certo que agora as vendas foram abertas ao público, e você pode adquirir sua própria cópia aqui. A versão em CD já está está disponível (US$ 50), mas quem quiser o pacote mais luxuoso, com três LPs (e que provavelmente custará o dobro), terá de esperar até fevereiro do ano que vem.
É caro. Mas é épico, de qualquer forma. Um dos itens mais tocantes dessa mensagem na garrafa sem dúvida é uma carta do presidente dos EUA na época do lançamento, Jimmy Carter. “Este é um presente de um mundo pequeno e distante, um símbolo de nossos sons, de nossa ciência, de nossas imagens, de nossa música, de nossos pensamentos e sentimentos. Nós estamos tentando sobreviver ao nosso tempo para alcançar o de vocês. Nós esperamos que um dia, tendo resolvido os problemas que encaramos, possamos nos unir a uma comunidade de civilizações galáticas.”