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Odiar esportes pode ser genético

Um grupo de cientistas olhou para a genética para entender porque tem gente que ama se exercitar, enquanto outros acham todo tipo de esporte uma tortura.

Por Ana Carolina Leonardi Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 ago 2017, 19h41 - Publicado em 22 ago 2017, 19h39

Ir para a escola de calça jeans, fingir cãimbra ou cólica: tem gente que já usou de tudo para escapar da obrigação de praticar esportes (inclusive a repórter que vos escreve). Um grupo de psicólogos do esporte tentou entender melhor essa “síndrome”, que faz certas pessoas detestarem esportes tão profundamente. A lógica deles é simples: compreendendo mais esse fenômeno, dá para pensar como contorná-lo e garantir que até o cara mais desmotivado não sofra os males do sedentarismo.

Para começar a pesquisa, porém, eles viraram a ideia ao contrário: foram entender o que faz alguém amar esportes. Aquela sensação gostosa conforme o corpo chega no limite do esforço é chamada de “resposta afetiva ao exercício”. Tem gente que tem uma resposta afetiva mais positiva. Quando estão cansados do treino, se sentem “realizados”. Já quem tem a resposta afetiva mais negativa só se sente destruído e sem a menor vontade de voltar à academia.

No estudo, os pesquisadores juntaram 226 gêmeos. Metade do grupo era de irmãos idênticos, a outra de bivitelinos. Por último, um terceiro grupo era composto de irmãos com idades diferentes. Todos os participantes relataram quanto exercício faziam no dia a dia. Depois, subiram na bicicleta e na esteira. Por 20 minutos, o ritmo do teste precisava se leve. Em um segundo round, o objetivo era se exercitarem até a exaustão.

Durante todo esse tempo, eles precisam dizer o quão cansados se sentiam, dar nota para o seu bem estar (de 0 para péssimo até 10 para ótimo) e escolher o adjetivo mais adequado de uma lista, que incluía tanto palavras positivas como animado e energizado ou negativas como nervoso e tenso.

Como você pode imaginar, para quem se exercitava com mais frequência, a experiência na esteira era mais agradável e o cansaço demorava mais para aparecer. Mas mesmo levando isso em conta, a genética tinha um peso enorme me determinar se o exercício era gostoso ou torturante.

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Isso porque gêmeos idênticos tinham respostas bem mais similares, tanto de exaustão quanto de bem estar, do que os participantes com menos similaridades genéticas. De acordo com a análise do estudo, a genética é responsável por pelo menos 15% do bem estar (ou falta dele) durante o exercício e por 35% da exaustão.

Ou seja, se desse para transformar seu ódio pela academia em um chocolate de 10 pedaços (nham), você poderia atribuir uns pedaços ao seu mal humor matinal, outros pedaços ao seu sedentarismo. Essa parte você pode mudar, malhando à noite e melhorando seu condicionamento. Mas pelo menos 1 pedaço e meio está escrito no seu DNA. No cansaço, a fatia de chocolate determinado geneticamente, para o bem ou para o mal, é ainda maior: quase quatro pedaços. O resto, porém, você pode melhorar com exercícios que ajudem a expandir sua resistência.

Falta muito para sabermos como, exatamente, a genética afeta seu gosto e sua performance nos esportes. Mas estudos com gêmeos são sempre fortes indicativos de que tem algo ali que nasceu junto com você – mesmo que a gente não saiba exatamente em que gene esse “algo” está.

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