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Tempo médio de sono aumentou em uma hora durante a pandemia

Os dados de 100 mil pessoas foram coletados por um aplicativo de monitoramento de sono. Os países com maiores taxas de isolamento também ganharam mais tempo na cama.

Por Bruno Carbinatto
28 dez 2020, 21h11

O ano de 2020 mudou a rotina da maioria das pessoas – muitas vezes para pior, é claro. Mas houve melhora em pelo menos um aspecto: o tempo de sono das pessoas ao redor do mundo aumentou em uma hora, graças às medidas de contenção da pandemia de Covid-19.

É isso que mostram os dados reunidos pelo aplicativo de celular Sleep as Android, que registra a rotina do sono dos usuários. Uma equipe de cientistas americanos liderada por Jeff Huang, professor na Universidade Brown, reuniu dados anônimos de mais de 100 mil pessoas ao redor do mundo para analisar como os hábitos de sono mudaram ao longo do ano em comparação com 2019. Os resultados foram compartilhados por Huang em seu blog pessoal.

Na maioria dos países, as pessoas continuaram a ir para a cama nos mesmos horários de sempre ou pouco tempo depois. A diferença foi que, desde março, elas passaram a acordar uma hora mais tarde – ou seja, aumentaram uma hora no total de tempo descansando. Isso se deve às medidas de contenção do coronavírus, que incluíram quarentenas, fechamentos de estabelecimentos e regime de home office em muitos empregos. Sem precisar se locomover até o trabalho, muitas pessoas aproveitaram para dormir um pouco mais.

O fenômeno é observado em uma comparação rápida feita pelos cientistas: olhando os dados das duas primeiras terças-feiras de abril de 2019, é possível ver que 50% dos usuários do aplicativo acordavam antes das 07:00 do horário local. Nas duas primeiras terças-feiras de 2020, mais de 65% dos usuários acordaram depois desse horário.

Os dados também revelam diferenças regionais importantes. A maior parte dos usuários só passou a dormir mais a partir de março, quando países da Europa, como Itália e França, impuseram lockdowns. No Brasil, atingimos o pico de sono entre o fim de março e o começo de abril.

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Na China, os moradores passaram a acordar quase duas horas além do costume nos primeiros dias da pandemia, quando o país passava por uma das quarentenas mais rigorosas do mundo. Depois da situação ser controlada, porém, o tempo de sono voltou a se aproximar do observado em 2019, algo que também aconteceu em outros países que controlaram bem a pandemia em seus territórios, como Austrália, Nova Zelândia e Japão.

Países que não optaram por medidas de contenção, como a Suécia, mudaram menos os hábitos de repouso em comparação com aqueles que fecharam suas economias. No entanto, de modo geral, todos os países observaram um aumento no tempo de sono de suas populações, seja em maior ou menor grau.

Os números representam uma média geral, e variam muito de pessoa para pessoa. Também teve gente que foi na contra-mão: 17% dos usuários do app dormiram menos este ano do que no ano passado. Além disso, os dados só revelam detalhes sobre o tempo de sono, mas não sobre a qualidade dele, que depende de outros fatores. Os especialistas lembram que a ansiedade e o medo com a situação do mundo podem ter atrapalhado o sono de muitos durante a pandemia.

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Os dados do app também revelam que o sono durante a pandemia não foi equilibrado: assim como em 2019, os usuários dormiram (muito) mais nos finais de semana do que nos dias úteis. Isso indica que a quantidade de sono durante a semana continua sendo insuficiente – e aí o corpo precisa compensar nos dias de descanso.

 

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